30 de out. de 2009

Twit Selection – As menos piores twittadas de Fernando Lago


  • Eu me rendo, eu me rendo! Está criado o meu twitter!
  • Pra mim não me serve de nada além de despejar meus aforismos filosóficos de rotina...
  • Que, aliás, também não valem nada...
  • BOTANDO O ZÓI NA CAPA: Neste exato momento vou me dedicar à atividade mais filosófica de todas: Dormir! É a hora da síntese do pensamento!
  • A noite é o palco imprevisível das mentes insanamente teatrais...
  • Acontecem coisas estranhas nesta avenida depois da meia noite...
  • Cada dia uma descoberta nova sobre mim mesmo: descobri que sou narcisista; talvez tão narcisista quanto o próprio Narciso...
  • Estou ficando fera em buscas... Acho que vou por uma plaquinha de Detetive na janela aqui de casa
  • Há duas coisas extremamente necessárias neste mundo para se fazer revolução ou filosofia: comer e dormir! Uma boa noite a todos!
  • - Siga aquele carro! - Mas ele não tem twitter!
  • Voltando pra UNEB agora. Dizem que já estou morando lá, mas é mentira! No máximo me hospedando...
  • Vou tomar banho! Não importa o quanto você estude, se o não fizer vc vai feder! Intelectuais transpiram também!
  • Pela liberdade de expressão! Toda vez que vou dizer algo importante, o twitter trava com a disculpa de sobrecarga! Isso é coisa de coronel...
  • Como dizia Bethoven: pam-pam pam baaam! Pam, pam, pam-bam!!!
  • Atualizando meu Lattes - - - Não tenho nada pra pôr lá, mas a conselho de doutores e mestres achei bom fazer...
  • Será que dá pra seguir tanta gente ao mesmo tempo? Vou pedir conselho pro meu cachorro, ele vive seguindo carros (e gentes)...
  • Meu braço esquerdo tá doendo, o direito tá tranquilo... O que é esquerdo nessa vida é pra sofrer mesmo, né!
  • @dricantora Esqueci o endereço do seu site (nada anormal esqueço até o da minha casa!)Vou parar de ler Saramago... Parece que me aumentam as crises de identidades
  • "That's a nice Picture" O Twitter diz isso a qualquer merda que coloco no perfil
  • A trajetória de toda a minha vida só me leva a conclusões negativamente precipitadas acerca de mim mesmo...
  • Quando eu coloco um link aqui, significa que estou convidando vocês para verem... http://bit.ly/37Fw9N
  • Ah sim! Acessem [meu blog] e comentem! Pode chingar, eu não ligo, se vc tiver há pelo menos duzentos quilômetros de mim...
  • Tentando selecionar a melhor foto, mas quando se trata de Fernando Lago acho que não existe "melhor foto"...
  • Já decidi! Vou twittar! Eu twittarei, tu twittarás, se vós twittardes, twittar-nos-emos um ao outro
  • Estou sendo corrompido pelo twitter!
  • Aprendi o que é censura com a podação de meus comentários em fotos de Orkut...
  • Esse é só para eu sair com 445... Oideio três algarismos iguais!
  • E o cara que foi roubar o carro e dormiu dentro do carro? "Só acordou com o chamado da polícia"
  • Tipo, acorda pra ser preso! Não gosto de prender ninguém dormindo! É antiético!
  • Mandei meu cavaco chorar!!! Tinguelinguelinguelingue -- -- Desculpem, foi um surto que tive!
  • Meu pai inventou o Teletwitter! Com o preço das tarifas, só 140 caracteres cada ligação!
  • Se na campanha eleitoral os discursos tiverem só 140 caracteres, tamus no lucro! #Menos #prolixidade na vida!
  • E o horário político? Po isso tem que ir pro Senado já! #Menos #prolixidade na vida!
  • Seu Madruga tem MSN! Será que ele tem Twitter?http://bit.ly/121MBc
  • Hoje estou tão desinspirado que tive de montar um artigo usando pedaços de outros mais antigos... FRANKSTEIN ACADÊMICO
  • Fui mesmo! O dever me chama... E tem a voz da minha mãe!!! Caramba!
  • Hoje ficarei alguns minutos lendo coisas legíveis... Depois irei para as coisas ilegíveis: Meus próprios textos
  • G1: "Professora pode ser demitida após posar nua para site pornográfico" Pra quem achava que era coisa de Baiano...http://bit.ly/4p3NDE
  • “As pessoas vão confirmar que sou uma professora muito boa", disse a tal professora que falei há pouco
  • Pessoal fala que ao acessar o jornal virtual daqui da região, se vc virar o PC um pouquinho de lado, escorre sangue...
  • IH, É MESMO! Ah não esse é meu....
  • G1: "Homem dá vodca a cachorro de amigo e vai preso" O Cachorro era menor de 18
  • G1: Ex polegar é levado para a delegacia - Crime: Virou indicador
  • Puts, sacanagem! Chamaram "Besouro" de "Jackie Chan Macumbeiro" "Bruce Lee do recôncavo" e "O Tigre e o Dragão da Bahia
  • @alyson_vilela é tão inteligente que se você passar a mão atrás da cabeça dele vai ver a plaquinha: Patrimonio Cultural
  • Tenho a mente tão fértil que quando cago depois de tomar cerveja nasce cevada...
  • O @nandwriter é tão influente que fez uma campanha pra tirar Sarney do Senado - O quê? Ele não saiu?
  • O @alyson_vilela é tão inteligente que ao nascer discutiu com o médico maneiras melhores de fazer um nene chorar
  • Aí me chegam aquelas mensagens: Ganhe mais de 2000 seguidores por dia... E eu pergunto: Pra quê?
  • Qual é o santo padroeiro dos 'escrevedores' desinspirados???
  • "Polícia prende traficante suspeito de ser cantor sertanejo..."
  • Envie NANDO para 88665 e não ganhei nada, além da cobrança de sua operadora #enviecelular
  • Acho que essa avenida aqui é mal adicioda... Ouço ruídos...
  • PQP nunca fiz isso na minha vida! "Mal adiçoada foi f...!"
  • E também nunca falei tanto palavrão junto... Estou muito mal influenciado por esses humoristas que ando seguindo...
  • Recapitulando: Acho que essa avenida aqui é amaldiçoada! Ouço ruídos...
  • Também, com o nome de AV. Paulo Souto...
Em breve tem mais dessas coisas bestas...
Me sigam www.twitter.com/nandwriter

28 de out. de 2009

Metafísica nominal – características culturais e biológicas herdadas através do nome

· Quase todo Lucas que conheço é playboy

· Quase todo Gabriel que conheço também é playboy

· Quase todo Bruno que conheço pensa que é playboy

· Quase toda Patrícia que conheço é criadora de caso

· Quase toda Carol que conheço é boa

· Quase toda Juliana que conheço também é

· Quase toda Adelaide que conheço pensa que é

· Quase toda Mariana que conheço às vezes consegue ser

· Quase todo Washington que conheço não é rico

· Quase todo Maicon que conheço também não é (principalmente se for “MAIcon”)

· E quando um Maicon ou um Washington (ou Uoston, que é pior) enrica, geralmente dura muito pouco...

· Quase todo Fernando que conheço é inteligente (exceto eu, obviamente)

· Quase todo Felipe que conheço é presepeiro

· Quase todo Diego que conheço forma dupla de baderna com um Felipe

· Quase todo Tiago que conheço é pior que o Diego e o Felipe juntos (se for com TH, então...)

· Quase todo Eduardo que conheço é franzino

· Quase toda Priscila que conheço é patricinha

· Quase toda Poliana que conheço é bonita

· Se for Pollyanna (com dois ll, com y e dois nn) é pior do que a Priscila

· Quase todo João que conheço tem uma esposa chamada Maria e um filho chamado Joãozinho

· Quase todo José que conheço tem um irmão chamado João

· E absolutamente toda Maria que conheço tem nome composto


Fernando Lago Santos – em suas maluquices da madrugada...

28 de Outubro de 2009


Sujeito a novas contribuições. Se tiver algum nome não citado deixe um comentário.


23 de out. de 2009

Fugitiva

Fugiu-me a poesia agora!

Fugiu!

Escapou-me pela janela

Correu pelada na avenida

Deixou-me sem rima na vida

Tentei seguir suas pegadas

Pegado numa lupa de Sherlock Holmes

Mas em asfalto seco de verão sul-baiano não ficam pegadas

(No sul da Bahia é verão todo dia)

Perguntei ao moço do salão

À linda menina do caixa da loja em liquidação

Mas nada!

Nem sinal de meu verso perdido

Quando dei por mim caminhava

Pelo centro, perto da Praça da Bíblia

Sentei no banco da praça

Olhei, busquei, cheirei

Onde estava minha poesia?

De repente uma respiração

Um sussurro em meu ouvido

Refugando tenazmente

Não

Não era minha poesia perdida

Era outra, nova poesia

Disfarçada em brisa vespertina

Fernando Lago – 22 de Outubro de 2009

19 de out. de 2009

Querida, criei um twitter!


- Querida, criei um twitter!

- É, amor? Que massa! Ta seguindo quem?

- Não achei ninguém ainda pra seguir...

- Segue alguém famoso! Olha, os deputados; quase todos tem um... Segue algum deputado que você goste?

- Deputado que eu goste é meio difícil...

- Entendo... Depois você procura alguém famoso...

- É...

- Mas você está me seguindo, né?

- Não...

- Por que não? Como é que você cria um twitter e não me segue?

- Ora, eu esqueci... Nem sei como é seu twitter!

- Os homens são sempre assim! Como é que você não sabe o endereço do meu twitter!?

- Nem sabia que você tinha twitter!

- Mas tenho! Você nunca se lembra de mim...

- Não senhora, não é assim! Assim que eu criei, a primeira coisa que fiz foi te falar! Já você nunca me disse que tinha twitter! Você que não tem consideração por mim! Como vou te seguir se não sei que você tem?

- Não tente bancar a vítima! Você sempre faz isso!

- Isso o que?

- Tenta me jogar no banco de réu pra livrar a cara!

- Ta bom ta bom! Vamos resolver isso! O PC ta ligado?

- Ta sim!

- Entra no meu twitter aí.

- Qual é o Nick?

- @fggatinho

- Que nome é esse amor?

- Foi o único que deu certo!

- Ah, acredito!

- É verdade!

- Parece nome de quem ta atrás de mulher!

- Por que você é assim, hein?

- Assim como?

- Tudo você faz um auê!

- Ta me chamando de paranóica?

- Não é isso, é que você...

- O que é isso? Tem três mulheres te seguindo! Quem são essas lambisgóias?

- Deixa eu ver... Uma colega de trabalho, outra da faculdade...

- Colegas! E a terceira?

- Não conheço...

- Tem certeza?

- Pelo amor de Deus, querida! Vou excluir ela...

- Não!

- Por que não? Eu não a conheço!

- Deixa ela aí! Vamos ver se não a conhece mesmo...

- Ah que saco! Bota logo o seu Nick aí pra eu seguir e acabar logo com isso!

- Ta bom, amor! Não precisa ficar estressado!

- Eu to quase excluindo essa merda!

- Ah não não não! Pronto, ta aqui, ó, ta vendo? @pcsexy, é o meu!

- @pcsexy? E você reclamando porque eu botei fggatinho!

- É... mas...

- Olha, cansei desse negócio de twitter! Vou criar um Orkut!

- Como quiser, amor. Só não esquece de me adicionar como amiga!

- Está bem...

- E vê se não bota “solteiro” no relacionamento, viu!

- Ta bom!

- E põe uma foto de nós dois no perfil!

- Ah! Desliga esse computador e vamos dormir!

- Ai amor, você é tão estressado...

Fernando Lago Santos – 19 de Outubro de 2009


15 de out. de 2009

Comentário de Âncora

Comentário de Âncora

Que me perdoem os meus amigos jornalistas

Andava outro dia pelas avenidas de minha vida, pedalando minha bicicleta – companheira de muitas batalhas quilométricas – quando no meio da descida da ladeira cai-me a corrente da magrela. Fato cômico para muitos – quase todos, menos a vítima da situação, que no caso era eu. Muito calmamente desci da calanga, aprumei a corrente na catraca e na coroa com certa dificuldade, porque a corrente ficou presa entre a catraca e o cubo. Um senhor que ia passando, também de bicicleta – mais velha que a minha, diga-se de passagem - ao me ver naquela luta, fez um dos comentários mais relevantes que já vi em minha vida toda; uma coisa realmente tocante que eu nunca vou esquecer:

- Caiu a corrente!

Na hora deu-me vontade de dizer-lhe ou esbofetear-lhe poucas e boas. Mas minha educação britânica não permite tal desfineza. Nada a fazer, dei apenas um risinho pensando: “Ô comentário de âncora!”

Os amigos a quem eu contei o fato não entenderam a piada do “comentário de âncora”, como provavelmente os leitores, em geral menos chatos do que eu. Explico-lhes, como a meus amigos.

Pense-se em sua sala. É a hora do jornal. Aquela notícia bombástica passando. A reportagem perfeita, as entrevistas bem editadas, a matéria deu todo o suporte para que fosse entendida a notícia. Aí acaba a reportagem, volta pro estúdio e o âncora do Jornal diz: “Interessante!”

Ora, meus senhores! Se a reportagem foi perfeita, esse “interessante” do âncora não interessa em nada! Não acrescenta nada! Pra que existe? E tenho percebido essa mania nos âncoras mais moderninhos que andam por aí pela TV. E não estou falando de TVs pequenas não. Jornais grandes, da Globo, da Record. Vejam se não concordam comigo. O Datena é chato. Mas pelo menos ele diz mais que uma frase depois da reportagem. Como a moda agora é jornalismo crítico, o povo acha que ser crítico é comentar a reportagem depois que ela acaba. E talvez seja. Mas com uma palavra!

Daí saírem dizendo por aí que todo comentário que não acrescenta nada ao fato, é como um comentário de âncora. E haja risinhos!


Fernando Lago Santos – 14 de Outubro de 2009

12 de out. de 2009

Medo do medo

Valdomiro já não conseguia não pensar em tragédia. Era fato. A qualquer coisa que fazia, em qualquer hora do seu dia, uma tragédia estava na cabeça. Foi a sua constatação ao dialogar com seu rosto no espelho encardido do banheiro do quarto.

Não sabia de onde lhe vinha aquele pessimismo que lhe invadia o ser ultimamente. Mas de uns tempos pra cá não conseguia se fixar em nada. Nem no programa da Ophra, que ele era acostumado a assistir na TV do hotel em que ele jantava todas as noites.

Vivia sozinho. O casamento nunca chegou à sua vida. Viu quase todos os seus amigos da escola casando, depois os da faculdade, depois, por fim, os companheiros mais jovens do bar. Mas não veio pra ele. O porquê ele ignorava. E também não tinha a mínima vontade de saber. Uma das posições que tomara quando completou trinta e cinco anos foi a de não preocupar-se mais em achar uma mulher para amar. Isso não obstante aos conselhos da mãe, com quem viveu até os quarenta, quando ela e seu pai se separaram. A velha preferiu mudar-se para o interior com uma filha mais velha advinda de outro casamento anterior à existência de Valdomiro, deixando filho e pai desamparados, sem mulher em casa. Alguns meses depois o velho morreu tragicamente: amanheceu sem vida num domingo ensolarado. Conquanto todos admirassem esse tipo de morte e sonhassem com ela, para Valdomiro não havia nada de mais trágico. Morrer assim, de uma hora pra outra. Sem prévio aviso e sem motivo aparente. Muito mais trágico que um acidente de trem.

No entanto, não foi a partir desta tragédia convencional que o nosso Valdomiro passou a esse comportamento medroso. Alguns anos depois veio a morte da mãe, mas também não foi por isso. Na verdade nem ele sabia o motivo. Mas ao sair de casa, temia que ocorresse um acidente no caminho. Que o carro se descontrolasse na Avenida Getúlio Vargas. Tinha medo que um motoqueiro maluco atravessasse na sua frente num sinal vermelho. Receava que o local para o qual se dirigia estivesse em chamas e todos os seus companheiros ali morrendo, sem que ele pudesse fazer nada.

Tinha poucos amigos. Alguns resistiram aos anos que decorreram depois da faculdade. Outros se foram sumindo pelo caminho. Alguns novatos chegaram como clientes que, agradecidos pelo bom atendimento no caixa número três do Banco do Brasil resolviam dar de esmola um pouco de sua amizade àquele velho à beira da aposentadoria. Mas temia que essas raras amizades se quebrassem. Ou que alguns destes amigos morressem assim de repente, como o seu velho pai.

Durante o trabalho no banco não tinha muito medo de ser assaltado, porque nestes treze anos em que serviu ao governo federal já tinha enfrentado três ou quatro assaltos à mão armada naquela agência. Temia incêndios, explosões, essas coisas cinematográficas que nunca tinha visto na vida real. Ao retornar a casa tinha medo que a encontrasse em chamas. Pensou que talvez pudesse estar com síndrome do pânico. Mas descartou a hipótese ao estudar bem os sintomas. Não contou pra ninguém do seu medo. Não consultou nenhum médico. Achava que a medicina – da qual estudou três semestres e desistiu, não por não gostar do curso ou por não agüentar os estudos, mas por falta de dinheiro – achava que era tudo charlatanice. Talvez carregasse alguma raiva por não ter podido concluir o curso. Isso jamais saberemos, porque nosso amigo não procurou um psicólogo que o analisasse.

O gerente do banco, que muito o considerava, veio certo dia ao seu encontro para saber o que acontecia que ele andava tão calado.

- Tenho passado uns maus bocados, só isso! Coisa minha!

O mesmo não disse à moça que lhe fazia companhia à noite, numa destas casas escusas que em toda cidade há.

- Ando com muito medo ultimamente, minha nega!

- Ora, meu dengo, por quê?

- Não sei. Acho que tenho medo de ter medo...

A moça não disse nada. Apenas soltou um grunhido de quem não sabe de nada da vida a não ser a velha técnica milenar da profissão. Grunhido claramente fingido, de quem não quer se meter nas coisas dos outros. Acabada a noite Valdomiro saiu de lá arrependido de ter falado à moça em tal preocupação. Mas olhando pros seus cinqüenta e cinco anos de homem solteiro, acabou saindo com uma conclusão. Nesta vida, somente as prostitutas saberão os mais ocultos segredos.

Fernando Lago Santos – 11 de Outubro de 2009

11 de out. de 2009

Coisas da Madrugada...

A vida que levo a levo provavelmente por querer ou por falta de querer...

Sei lá, estou contraditório em minhas palavras; e difícil de me compreender e ser compreendido. Confesso estar obscuro, mas um homem tem o direito de ser obscuro, contraditório e incompreensível à 01h28min da manhã, não tem? Pois então!

Escrevo agora porque essa comichão não tem hora pra atacar – é meio dia, meia noite, meia hora, meio minuto; e incontrolável, apesar de eu viver com ela a tanto tempo que já tenha desenvolvido algumas técnicas de contensão deste mal patológico não-catalogado.

Mas enfim, acho que sou meio louco (e acho que não sou o único que pensa assim). Por quê? Não sei! Há coisas que não podem e não devem ser explicadas. E há outras que não explico porque não quero mesmo! Veja você em que característica melhor cabe essa revelação.

No mais, não há nada de interessante a dizer... Sinto um vazio e tentei preenchê-lo escrevendo, mas acho que escrever sozinho, na hora neutra da madrugada, entre latidos de vira-latas e barulho de carros da Avenida Paulo Souto (belo nome para uma avenida!) não preenche esse vazio. Talvez devesse comer, mas não... Não é esse o vazio que sinto (desta vez o DDD não me ajudou). Acho que meu vazio só poderia ser preenchido se eu não tivesse escrevendo só um texto, se eu não tivesse escrevendo só; mais é uma coisinha de nada, essa literatura amadora que não é pra outros lerem. Acho que me sentiria completo (como de vez em quando eu sinto) se estivesse com uma intencionalidade, com um foco, mesmo que ilusório, mesmo que sem esperança, mesmo com uma quase certeza de um não... Ou com uma dúvida insistente do sim...

Quero dizer que acho que deveria ter um objetivo, e acabo de achar um... Não vos revelarei, mas alguns adivinharão, porque, como eu disse em outra carta, há mentes sagazes por aí que são capazes de entender essa minha complexa estrutura comportamental... E espero seja a pessoa certa, ou melhor, espero não ser mal entendido pela pessoa certa; e principalmente, não ser bem entendido pela pessoa errada. Talvez a pessoa certa pense ser a pessoa errada e a pessoa errada pense ser a pessoa certa. Ou uma pessoa neutra, nem errada e nem certa pense ser uma das duas ou uma das duas se considere neutra.

De todas as coisas que eu já escrevi acho que esse texto é o mais ridículo... Ah não! Tem aquela poesia composta aos quinze anos, verdade! Mas fora ela...

Mas enfim, sendo eu entendido ou não, importa que encontrei um objetivo, e agora me sinto mais completo, ou menos incompleto, o que nem sempre é a mesma coisa. Por exemplo, se tirares um biscoito do pacote e depois o substituíres, o pacote sentir-se-á completo outra vez. Se, contudo o biscoito não for da mesma marca, ou pelo menos do mesmo tipo, daí, meu amigo, arrumarás uma confusão dos demônios com esse pacotinho encrenqueiro (eles costumam encrencar muito). Se, porém tu puseres um biscoito em um pacote que já está meio vazio, o referido se sentirá menos incompleto, como eu, e provavelmente agradecerá... Em se falando de biscoitos é preciso ter muito cuidado, principalmente se forem salgados...

Acho que preciso mesmo dormir...

Esse texto é ridículo!

F. Lago - Cartas para alguém, para ninguém e para mim mesmo.

Teixeira de Freitas, 18 de Fevereiro de 2009. (01h28min)

9 de out. de 2009

Canonal

Ofereceram-me poesia

Dizendo que eu ia ganhar

Muito dinheiro com ela

“Porque as suas, caro Fernando

Não se encaixam nos cânones”

Ora, meu senhor!

Que quero eu lá com cânones?

Que quero eu lá com versos

Fabricados pra burguês?

Minha poesia é minha poesia!

Produção familiar

E não agronegócio

- se pretende cultural

E não algo natural

Meramente biológico

Não há linha de montagem

Nem meta mensal produtiva

É simplesmente papel

É simplesmente caneta

É simplesmente caneta e papel

E idéia

Fernando Lago Santos

8 de Outubro de 2009

7 de out. de 2009

A vingança do berimbal

Como meus caros amigos devem ter reparado, não costumo postar aqui coisas que não são de minha autoria. Não é nenhuma birra com ninguém, nem vaidade intelectual de querer mostrar que é um blog independente ou coisa e tal. É só que eu tenho outros espaços para fazer esse tipo de divulgação (e-mail, orkut, netlog e tals). No entanto, resolvi abrir um parêntesis para postar essa poesia que li há algum tempo atrás e relembrei hoje quando ela foi citada na reunião com docentes e discentes da Pedagogia VI na UNEB. Considero muito propícia às últimas discussões, debates e aprendizados que tenho feito.

A vingança do berimbau

(Miguezim de Princesa)

I

Superado pelo tempo,

Ensinando muito mal,

Fabricando mil diplomas

Para entupir hospital,

O doutor da faculdade

Botou, com toda maldade,

A culpa no berimbau.

II

Disse o doutor Natalino

Que o baiano é um mocó,

Sem coragem e inteligência,

Preguiçoso de dar dó,

Só liga pra carnaval

E só toca berimbau

Porque tem uma corda só.

III

O sujeito ignorante

Não conhece o berimbau,

Que atravessou o mundo

Com toda a força ancestral.

Na fronteira da emoção,

Traz da África a percussão

Da diáspora cultural.

IV

Nem Baden Powel resistiu

À percussão milenar,

Uma corda a encantar seis

Na tristeza camará

De Salvador da Bahia.

Quem toca e canta poesia

Na dança sabe lutar.

V

O doutor, se estudou,

Na certa não aprendeu nada:

Diz que o som do Olodum

Não passa de uma zoada

E a cultura baiana

É uma penca de bananas,

Primitiva e atrasada.

VI

Jimmy Cliffi, Michael Jackson,

Paul Simon e o escambau

Se renderam ao Olodum

Com seu toque genial,

Que nasceu no Pelourinho

E hoje abre caminho

No cenário mundial.

VII

O baiano é primitivo?

Veja só o resultado:

Ruy foi o Águia de Haia;

Castro Alves, verso-alado

De poeta condoreiro,

E gente do mundo inteiro

Se curvou a Jorge Amado.

VIII

Bethânea, Caetano e Gil,

Armandinho, Dodô e Osmar,

Gal Costa, Morais Moreira,

Batatinha a encantar

João Gilberto, Bossa Nova

Novos Baianos são prova

Da grandeza do lugar.

IX

Glauber, no Cinema Novo;

Gregório, velha poesia;

Gordurinha, no rojão;

Milton, na Geografia;

Anísio, na Educação;

Dias Gomes, na encenação;

João Ubaldo e Adonias.

X

Menestrel da cantoria

Temos o mestre Elomar,

Xangai, Wilson Aragão,

Bule-Bule a improvisar,

Roberto Mendes viola

A chula – samba de Angola,

Nosso samba de além-mar.

XI

Se eu fosse citar todos

Que merecem citação,

Faria um livro de nomes

Tão grande é a relação.

Desculpe, Afrânio Peixoto,

Esse doutor é um roto

Procurando promoção!

XII

Com vergonha do que fez:

Insultar toda a Nação,

O tal doutor Natalino

Pediu exoneração

E não encontra ninguém,

Nem um nazista do além,

Para tomar a lição.

XIII

O baiano é pirracento,

Mas paga com bem o mal:

Dá uma chance a Natalino

Lá no Mercado Central

De ganhar alguns trocados

Segurando o pau dobrado

Da corda do berimbau..

4 de out. de 2009

Minha primeira produção videográfica

Há já alguns dias. Estava eu a fazer uma limpeza na minha pasta de arquivos recebidos quando encontro um audio que achei muito engraçado. Já havia algum tempo que eu planejava produzir um video neste estilo. Esse audio pareceu-me perfeito para emprego desta besteira. Deu nisso! Assista e deixe sua opinião!