28 de abr. de 2014

Para a reconstrução do ser



Junto a cal que cairá sobre minha cova
Ao sangue que irrigava a alcova
De minha mãe quando lhe soube a fertilidade

Junto a massa que preenche o meu cérebro
À argamassa que me pavimenta chão
A borracha do calçado dos meus pés
Á tarraxa que afina o violão
Que entoa os meus cantos naturais
Ás belezas que preenchem o universo

Junto à sombra que me vela o sono
A luz que me revela as faces
Ao cansaço que me adormece
A excitação que me amanhece
Junto ao sol que me machuca os olhos
A água que me irriga as faces

E a todos estes materiais
Que não se compra em lojas na cidade
E são raros, raros, raros como o quê
Junto o mais raro material 
A vontade.  

Fernando Lago - Setembro de 2013