Junto a cal que cairá
sobre minha cova
Ao sangue que irrigava a
alcova
De minha mãe quando lhe
soube a fertilidade
Junto a massa que preenche
o meu cérebro
À argamassa que me
pavimenta chão
A borracha do calçado dos
meus pés
Á tarraxa que afina o
violão
Que entoa os meus cantos
naturais
Ás belezas que preenchem o
universo
Junto à sombra que me vela
o sono
A luz que me revela as
faces
Ao cansaço que me adormece
A excitação que me amanhece
Junto ao sol que me
machuca os olhos
A água que me irriga
as faces
E a todos estes materiais
Que não se compra em lojas
na cidade
E são raros, raros, raros
como o quê
Junto o mais raro material
A vontade.
Fernando Lago - Setembro de 2013