31 de out. de 2008

RETALHOS: Festival de Poesia Modernista


**************************************************************
Senhor Raimundinho
Cabeça de Vento
Aguenta tormento
De porta de bar

Senhor Fernandinho
Um tanto inocente
Um tanto descrente
De tudo o que há

Há vida e há morte
E há Fernandinhos
E há Raimundinhos
Há tudo e há nada
E há namoradas

Quem toma topada
Não pode Olvidar
*****************************************************************

Descia a cabocla a ladeira
Menino encravado à costela
Bacia encravada à cabeça
Espinho encravado aos pés

Maria cabocla matreira
De água molhado o saião
De lágrimas molhado o rosto
De tão triste o coração

Cabocla Maria
Mulher corajosa
Mulher sem igual
Em seus amores
Em seus temores
Seu bem e seu mal

Cabocla Maria
Criatura igênua
Sem mal e sem bem
Sem beleza ou feiura
Sem especificidade
Só é Maria
E é cabloca
E nada mais
****************************************************************
Local de Trabalho - 23 de Junho de 2008

Retalhos: A lucidez - de mim para mim mesmo

"Tenho que ser o que tenho que ser." (Fernando Lago)


Você se acha normal?
Pensa que é lúcido?
Pensa que está totalmente distante da insanidade reinante que assola este local de trabalho?

Meu caro, tenho más notícias para você. Você não é lúcido. Não é um cara bacana, sábio, que mantém seu equilíbrio mesmo diante de todas as pressões psicológicas. Você, meu nobre, é louco de pedra! Está totalmente aquém da realidade; és, meu amigo, dos maiores loucos que já caminharam por esta terra condenada; amigo, és um crazy man incurável. Um madaman de incombatível loucura. Sua insanidade é pacífica, dócil, talvez até ingênua, mas não menos perigosa que uma explosão violenta de loucura. Aquém à realidade. Vives em outro mundo; vives num mundo imaginário que tu mesmo inventas; mas, no real, não vives. Sois um parasita! Não, sois um vejetal! Não! Não sois nada disso! Sois um... um inominável! Sois um Fernando Lago! è isso! Sois um Fernando Lago, dos piores que existem!

Escrito em Local de Trabalho - Setembro de 2008

Novidade na Parada - Retalhos

                                                                                           

Retalhos 

____________________________________

A nova série de textos de Fernando Lago

"A um futuro escritor, estagnado no tempo atual, tudo é aproveitável. Qualquer cantinho onde se possa dispor duas ou três letras pode se tornar uma obra prima ou só mais um fracasso na vida do escritor fracassado."

            Fernando Lago 08 de Agosto de 2008


É neste sentido que inaugura-se esta novidade neste blog. Ora, no marcador "retalhos" me limitarei a publicar textos esritos paralelavulsamente em lugares indevidos, tais como trabalho, horário de aula, etc. Por que retalhos? Apesar de estes textos serem escritos geralmente em papelotes improvisados, sem nenhuma "prévia ideação" e serem totalmente espontâneos, eles inevitavelmente refletem a minha inquietação da época que são escritos e são, portanto, retalhos que, juntos, montaram essa imensa baderna que é minha vida.

Tentarei publicá-los exatamente como foram escritos, sem correção de estilo ou ortografia. E se pudesse escaniá-los-ia para que aqui viessem também sem correção de caligrafia. Mas não é preciso tanto pra se manter fiel à originalidade, não concordam?

26 de out. de 2008

Queria dizer


Queria dizer que não me conformo com pouco
Que doravante minha vida será mudada
Queria poder dizer que lutarei pelo que acho certo
Que não me conformarei com a vontade que todos dizem ser do céu
Que transformaria a natureza
Que lutaria pelas minhas próprias relações
Que não ficaria parado ouvindo tudo o que me dizem
Que faria tudo contrário ao concenso
Que deixaria de entrar em conflito comigo mesmo visando evitar conflitos com os outros
Que preferiria o conflito externo à internalização da minha própria dor
Que não mais esconderia meus sentimentos e cuspiria na cara dos meus rivais
Que roubaria aquilo que eu amo daquele que ama menos que eu
Que seria egoísta o bastante para não permitir levarem o que eu quero que fique comigo
Que seria forte o bastante para travar as mais árduas batalhas até conseguir ser amado

Mas não posso
E essa impotência me deixa puto!

Prefiro a demência de antes
A ilusão alienada
Porque agora que sou consciente
Já não posso fazer nada

Tamanho é o costume
Com minha auto-alienação.

Azedume ireversível

Estou azedo. É inegável. É impossível não reconhecer que tenho estado azedo nos últimos meses, desde Maio deste ano. Mas, sobretudo a partir do dia 23 deste mês sobre o qual não é ético e muito menos viável comentar agora. Meu azedume é irreversível, inevitável, insuportável. E, a falar a verdade, nada tenho feito pra escapar dele. Busco enxergar a realidade sobre mim mesmo que ninguém ousa enxergar. Tento compreender a minha vida, pois nunca fui capaz de compreender. Isso enlouquece. Vivo um momento de turbilhão de idéias, todas elas negativistas e, talvez necessárias sobre mim mesmo.

Que fazer?
Pelo menos eu neste mundo tenho que dizer a verdade sobre mim mesmo.
Busquei em vão me defender das acusações escarninhas daqueles que me consideram inaptos para a vida. Mas meus argumentos não eram e nunca serão mais fortes que a inexorabilidade da verossimilãncia da realidade.

O que me resta é lamentar. Por mais que esteja cansado de lamentações.
Se eu lamentasse como um velho árabe que vi ontem, a cantar uma ária para Alah, seria pelo menos elegante. Mas não conheço a lingua de Maomé. Não sei cantar árias e não tenho a menor disposição agora para gritar aos céus que me tirem a vida.

Faltando-me essas ferramentas, resta-me lamentar da maneira moderna. Pondo na internet para, inclusive pessoas que eu nunca vi na vida, lamentem comigo. Nunca achei uma boa idéia o narcisimo na rede. Nunca fui, na vida real, um cara que busca mostrar seus sentimentos. Aproveito que quando escrevo não tenho escrúpulos e quem tiver ouvidos que ouça, quem tiver olhos que veja, quem for alfabetizado que leia, quem tiver cabeça que entenda. Mas, como eu disse, a antítese do meu ser e estar é incompreensível. Nem eu poderia explicar; não se explica o inexplicável. Meu azedume é, em si, tão contraditório quanto eu mesmo. Sou dialético, é isso. Mudo de forma e opinião. Por mais influência que a metafísica tenha tentado impor a minha vida, eu luto pela dialética. Se não for, me resta lamentar. Não será a primeira luta que perco.

Acreditei piamente que venceria esse jogo ainda nesta semana. Perdi.
Daí a frustação e o azedume que me pertuba. Qual jogador aceita calmamente a sua derrota?
Agora Adeus, que já falei demais. E é melhor evitar discussões desta derrota.
Perdi o jogo, e a culpa não foi do técnico.

Fernando Lago - 26 de Outubro de 2008

25 de out. de 2008

Momentos em que nada nos resta a não ser lamentar


Estou num desses momentos.

Talvez você seja daqueles que, como eu, sabem que as lamentações não levam a nada. Mas fazer o que? Por mais que eu saiba disso, eu insisto em lamentar. Lamento não ter dado o máximo de mim... Lamento não ter cumprido com o meu programa de intervenção social (isso é uma metáfora, viu!). Lamento não ter ouvido os conselhos daqueles que obviamente sabiam mais que eu acerca da prevenção para não se lamentar. Enfim, lamento por ter lamentado tanto quando eu podia agir que agora nada me resta a não ser lamentar. 

Vocês estão entendo o que quero dizer? Espero que não. Porque não quero que entendam. A incompreensão é uma virtude em certos casos. Sei que essa escrita que não é pra ninguém entender não serve pra p#$@§# nenhuma! Mas como disse, que diabo! Nem tudo na minha vida tem de ter um significado filosófico!

Mas voltando às lamentações, lamento ser um lamentador. Lamento ter perdido o jogo. Lamento ter ocupado meu tempo em mostrar que estava lamentando, ao invés de mostrar que estava lutando. " Plantei a semente e a deixei florescer e crescer, sem ao menos ir regá-la. A planta secou e morreu." (Fernando Lago - 2008)

Pra vcs que não entenderam desgrama nenhuma, e provavelmente estão boquiabertos com esse meu novo estilo enérgico e libertário de escrever, perdoem-me. É melhor que continuem na ignorância e desconsiderem este texto, a não ser pela linguagem livre, que é uma novidade em mim, e pelo estilo literário que espero não tenha perdido, ou pelo menos tenha adquirido algum dia. Ou, se preferirem, desconsiderem todo ele. Nada tem de valor pra leitores. Como disse, escrevi-o mais para ter um registro dos meus pensamentos, pois algum dia eu irei relê-los e dizer: "como eu era ingênuo!", ou "como eu escrevia bem na época" ou "se na época eu não escrevia e não escrevo agora, eu nunca irei escrever."

Aos que entenderam - e espero sejam apenas dois ou três ou, quem sabe, uma única pessoa, pois espero que pelo menos uma pessoa leia esse treco, né - eu reafirmo que é isso mesmo. Por mais que eu odeie lamentar lamento. Sou assim! Contraditório mesmo! Antagônico a mim mesmo! E quem não gostar que se exploda! Surge uma nova era na vida literária de Fernando Lago.

                                                              24 de Outubro de 2008

Seleção de algumas frases célebres (???) de Fernando Lago recentemente usada como apresentações pessoais.

     Devido a algumas ocorrências em minha vida, minha produção de frases isoladas para estes perfis virtuais tem sido, digamos, mais fértil do que eu tinha consciência. Até mesmo pelo foco que estavam voltadas, que era único e exclusivo. Não havendo elas alcançado o objetivo pre definido, tomo a liberdade (eu amo tomar liberdades) de publicá-las, ora que nada tenho a perder ou a ganhar. Palavras inintendíveis as que escrevo, mas é assim que devem ser "o melhor prólogo é o que contém menos coisas, ou o que as diz de maneira obscura e truncada" Machado de Assis.
 
"Que faço eu? Não dá pra esconder algo que está escrito em minha testa em negrito e fonte arial black extra grande: LOVE"  
                                                          (MSN - Ago/2008)
 
"Cansado de lutar, farto da batalha, quase reconhecendo a derrota. Orai por mim!"
                                                            (MSN - Set/2008)
 
"Foi bom ouvir te amo mas seria muito melhor se fosse da pessoa certa."
                                                               (orkut - Set/2008)
 
"Por mais que eu tente mudar, minha vida continua no mesmo foco. E minha testa com as mesmas palavras que todo mundo lê."
                                                              (MSN - Out/2008)
 
"A esperança é a última que morre.
E ainda não morreu.
E ainda não morremos."
       (Orkut - Out/2008 - Original da poesia VIDA de 1 de novembro de 2006)
 
"Queria dizer te amo mas no país dos tímidos não há liberdade de expressão."
           (MSN - Out/2008 - Original de poesia improvisada em 15 de outubro de 2008)
 
"Viver como se ouvesse amanhã (na verdade não há"
                                              (Orkut - Set/2008)

"Exilei-me do País dos tímidos. Mas a democracia do mundo real é ainda mais cruel que a doce ilusão de amar."
                    (MSN Out/2008)

"Lancei a semente, deixei-a crescer sozinha, sem ao menos me preocupar em regar. A planta secou e morreu." (MSN-conversa - Out/2008)

"Já deixei meu coração me guiar uma vez e ele me levou pro caminho errado. Não permitirei que ele faça isso de novo." (MSN-Conversa - Out/2008)

18 de out. de 2008

Texto Original da Fala da Imprensa

A vida nos palcos é surpreendente. Sabem disso todos os artistas, teatrólogos, cantores e afins. Quando nós (o clube do bolinha da Uneb) mostramos a cara para apresentar aquela sucintíssima (ou lacônica, como diz o companheiiro Pericles) peça sobre a obra de Paulo Freire, tinhamos um pequeno texto em mente, que no entanto, não foi apresentado em seu contexto original devido a alguns fatores imprevistos, mas previsíveis. Tomo a ousadia de publicar aqui, uma vez já apresentada a peça, que integravca a apresentação de um seminário de Didática, esse tal texto, no contexto que o idealizamos.

Fala da Imprensa

(Um defensor das idéias de Freire entra e começa a falar aos circunstantes:

- Companheiros,

Paulo Freire em sua obra vem nos pregar o quão é importante que leiamos o mundo, e que a leitura não é apenas codificação de palavras. A leitura do mundo precede a leitura da palavra!

Ora, meus amigos! A educação é um ato político. Não há educação neutra, como dizem os aloprados que só querem ver os interesses do capital reproduzidos através da escola.  A educação, nos diz Freire, nunca foi nem será neutra. Para os interesses dominantes o neutro é a reprodução dos interesses capitalistas, sem que se permita uma visão da historicidade do real. Isso lá é neutro, meus caros amigos? Esse progressismo às metades da educação formal do capital, exigido de quando em vez pela conjuntura, e que é na verdade uma ressalva apenas ao progresso tecnológico, sempre ressaltando que é importante para economia e coisa e tal... Daí eles dizem que os progressos, a imprensa, a cultura, etc Devem se dar de maneira neutra, quando na verdade estão simplesmente reproduzindo os interesses do capitalismo

Ensinar não é transferir conhecimento; é criar as possibilidades para a sua produção ou a sua construção. Não há docência sem discencia, a discência do próprio professor o leva à docência, mas ensinar exige rigoroso metódo, não deixando escapar nenhum detalhe em seus discentes, e deve despertar no educando a curiosidade e capacidade crítica, ensinar exige pesquisa, não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino. Ensinar exige respeito aos educandos, exige criticidade, deixar de ser ingênuo e passar a ser crítico, mas no sentido de ser curioso, seja em forma de pergunta ou não isto gera o fenômeno da aprendizagem, tudo isto acompanhado da ética e da estética porque ética e beleza andam sempre de mão dadas, ensinar exige dar vida às palavras pelo exemplo, o professor que não consegue traduzir aquilo que diz em exemplos práticos, de nada serve o que ele fala, saber quer dizer segurança no que diz. Ensinar exige risco, aceitação do novo e rejeição a qualquer forma de discriminação, exige o reconhecimento e a assunção da identidade cultural, exige consciência de que nunca esta acabado e sim que tudo recomeça, exige o reconhecimento de ser condicionado, exige respeito à autonomia, exige bom senso, exige humildade, tolerância e luta em defesa dos direitos dos educadores, exige entender a realidade e não ficar alheio a ela, exige a convicção de que a mudança é possível, exige segurança, competência profissional e generosidade, exige compreender que a educação é uma forma de intervenção no mundo, exige liberdade e autoridade, exige tomada consciente de decisões, e saber escutar que é muito importante e ser aberto ao diálogo, exige reconhecer que a educação é ideológica, exige querer bem aos educandos, e por fim exige alegria e esperança, nos homens que fazem as leis deste pais e na instituição família que apesar de tudo continua sendo um porto seguro para aqueles que não entendem e não aceitam as violências praticadas por quem tem o poder o conseqüentemente a força.

 SOLDADO 1: Comunista! Como ousas empregar tais falácias aqui?

 FREIREANO: O que ouvistes foi verdade!

 SOLDADO 2: És um arcano! Um esquerdista que não tens o menor senso crítico!

 FREIREANO: Que é senso crítico? Aceitar as ordens do capitalismo? Viver sob os mandos e desmandos do mercado estrangeiro? Educar segundo um preceito consumista de vida? Paulo Freire nos ensina que...

SOLDADO 1: Freire??? Aquilo é um velho arcano e ignorante! Um Esquerdista maquiavélico que usava de terrorismo ideológico para doutrinar pessoas...

 FREIREANO: Mas afinal, um arcano? Ou um terrorista maquiavélico?

 SOLDADO 2: Um arcano maquiavélico e ignorante! Cabem nele todas as descrições. Em nada contribui para a sociedade ocidental.

 FREIREANO: Isso lá é defeito? Contribuir para essa sociedade capitalista ocidental! Acho que não queríamos isso mesmo...

 SOLDADO 1: Não contribuiu em nada para a educação! Nem se quer realizou um trabalho efetivo para nosso país!

 FREIREANO: Claro! Foi exilado e teve de ciscar em outro terreiro! Tornou conhecido o “The Paulo Freire’s Method”... Mas alguém aí já ouviu falar em The Mobral’s Method, ou algo parecido?

 SOLDADOS: Sua ignorância me leva aos nervos! Chega de argumento! Serás exilado, esquerdista ignorante! O esquerdismo só serve pra preencher buraco de quem é vazio de teoria... A educação no Brasil não vai para frente porque todos os professores são esquerdistas! As escolas só estão formando marxistas. E esse ensino de esquerda vai acabar!

 (saem levando o Professor)


11 de out. de 2008

Texto escrito paralelamente como suplemento de "Tentando entender a Vida"


Dilema de Clécio Pereira


Clécio chegou pra mim estupefato. Sentou-se no meu velho sofá e cruzou as pernas aflito. Nunca pensei que o veria daquele jeito. Ele, que sempre fazia piadas de tudo e de todos, agora parecia ter sido convertido de Arlequim a Otelo. Pior! O dilema da suposta traição de Desdêmona não era tão sério quanto o dilema que vivia o meu amigo. Otelo era um obsecado e a traição não era certa. Mas não era pai de um filho de uma namorada e não estava sendo obrigado a pôr uma argola dourada no dedo, pela lei inescrita e invisível de ética.


- Logo eu, Fernando - lamentava - logo eu que sou livre como uma pomba!


- Como uma pomba?


- Um pombo! - corrigiu engolindo em seco à minha infame brincadeira. O negócio era sério mesmo. Ele não estava pra piada...


- Mas o que há, Clécio? Não é o fim do mundo! Você tem um emprego na editora! Um ótimo emprego, aliás. É por causa da Táty?


- Taty é passado, Fernando.


- Medo da mãe dela não pode ser! Depois que ficou viúva, dona Margarida se apegou a você de uma forma que não sei não... - de novo tentando fazer piada - Parece ter te eleito o patriarca da casa.


- Você não vê que não estou pra brincadeira, Fernando! - irritou-se.


- Logo você, Clécio! Que perde o amigo mas não perde a piada...


- Agora o negócio é brabo, Fernando! Eu estou num dilema shakespiriano, como você diz...


- Casa com ela, clécio! "Aos grandes males os grandes remédios" já disse Hipocrates.


- Não é propriamente um mal...


- Com certeza não! Mas se você diz que a Taty é passado e que você quer aprender a amar sua namorada e agora tem mais esse filho que está esperando... Casa com ela, meu!


- Fernando, eu não já te contei das poucas e boas que vivi com a Júlia nestes cinco anos de namoro... Agora ela está melhor, mas se tiver uma recaída? Casamento é coisa séria...


- Cinco anos de namoro, Clécio! Tudo está conspirando para o matrimônio. Analisa comigo, meu filho: A Taty vai casar com Hélio, você voltou com a Júlia, como sempre voltou muitas vezes antes... Nestes cinco anos entre idas e voltas vocês permanecem juntos... Agora com essa gravidez... Clécio, casa com a Júlia! Pra mim com filho ou sem filho já estava na hora de casar mesmo...


- Quer saber? Você tem razão... Hoje mesmo vou me resolver com a minha amada...
Janeiro de 2007

Texto Acadêmico (Pra não acharem que só escrevo abobrinha)

Resumo do Livro “A Educação Para Além do Capital”
Por Fernando Lago Santos[1]

Istvan Mészáros, professor emérito da Universidade de Sussex, traz-nos neste “pequeno grande livro”, como bem o definem alguns críticos, uma importante abordagem sobre a nossa educação atual, que está voltada especificamente para os interesses do capital. Inicia nos apresentando três epígrafes, que enfatizam a importância do aprendizado na vida do indivíduo, além de mostrar que a própria vida é o aprendizado, não apenas a escola. As epígrafes nos dizem também que o aprendizado acontece durante toda a vida e “não pára senão com a morte”. O ensaio é dividido em quatro partes, sendo a primeira uma apresentação sucinta da lógica do capital, por meio de citações a Owen e a Smith, que propunham reformar a educação pela própria educação, o que Mészáros vai chamar de soluções formais. Na segunda parte Mészáros parte da frase de José Martí para explicar a necessidade de soluções para a educação que escapem às formalidades do Capital, como já adiantado na análise das propostas de Owen e Smith. Na terceira parte o autor aborda o caráter multifacetário da educação e a necessidade de se ver a educação para além dos muros da escola. Por fim, na quarta e última parte, ele aponta que as soluções para os problemas da educação devem vir juntamente com a transformação social, que muitas vezes é esquecida pelos profissionais, ao buscarem mudar o mundo por meio da educação.
É preocupação intensa do autor deixar claro que não é possível uma educação diferente sem que haja uma quebra violenta da lógica do capital. A mudança na educação deve vir acompanhada com as mudanças estruturais necessárias no quadro social, pois “a educação e os processos de reprodução mais amplos estão intimamente ligados.” Não é possível, portanto, uma conciliação entre as necessidades reais da sociedade e da educação e os interesses do capital. A lógica do capital é incorrigível e, para haver uma mudança nas estruturas sociais é necessário quebrá-la. Justamente para esclarecer essa idéia é que Mészáros cita as reformas propostas pelo socialista utópico Robert Owen e por Adam Smith que, conquanto tivessem preocupações humanitárias e denunciassem a miséria e a exploração dos pobres pelos ricos, esperavam que a mudança viesse através da razão, do esclarecimento, chegando Owen a dizer que era próximo o dia em que o homem não mais exploraria o homem, pois seria esclarecido e teria a consciência de que isso causa sofrimento à humanidade. Quanto às falas de Smith, elas simplesmente abordam o assunto culpando o próprio trabalhador por sua condição. chegar.pondo uma r juntas, ntarrefa de transformaçancipaç Para Mészáros, no entanto, a mudança não pode vir por um simples esclarecimento. O autor reconhece que as intenções de Owen são nobres, no entanto aponta que são idéias são problemáticas porque têm “que se conformar com os limites debilitantes do capital.” Segundo ele, esse pensador utópico tenta algo impossível: “a reconciliação de uma concepção utópica liberal/reformista com as regras implacáveis da ordem estrutural incorrigível do capital”. A solução para a educação deve ser essencial e fugir à mera formalidade, principal interesse do capital, cuja concepção de educação está pura e unicamente voltada para a manutenção do sistema opressor. De nenhuma outra forma o capitalismo poderia permanecer; a alienação das massas é uma condição para a sua sobrevivência. Acerca disso Mészáros inicia a quarta parte do ensaio dizendo que o motivo pelo qual nosso mundo vive em uma alienação desumanizante é simplesmente pelo fato de o capital não poder sobreviver de outra forma. Daí o fato de o autor dizer que a lógica do capitalismo tem de ser quebrada e não reconciliada. O capitalismo nunca abrirá mão de seu poder e sempre há de aplicar-se na alienação por meio das ideologias, a fim de que a verdade não seja conhecida pelos oprimidos e os opressores continuem a oprimir. O que Mészáros propõe é uma educação que busque mudar não isoladamente a educação ou, melhor dizendo, não particularmente a escola, mas a sociedade em si, já que a educação é a própria vida. Isso só será possível se se romper totalmente com a lógica do capital. Sua proposta de educação, como não poderia deixar de ser, é a educação para a mudança, mudança estrutural da sociedade que deve se dar concomitantemente com a mudança educacional. Assim, conclui o ensaio dizendo que as mudanças da educação jamais acontecerão separadamente das mudanças sociais. A mesma tarefa de educar deve ser a de lutar pela emancipação social, não apenas dos alunos ou da renovação do processo educacional, mas de toda a sociedade. Diz Mészáros que a tarefa educacional e a tarefa de transformação emancipatória devem caminhar juntas, não sobrepondo uma à outra.
Minhas Impressões Acerca do Ensaio
Mészáros, neste trabalho, deixa-nos bem clara sua opinião acerca do sistema educacional vigente em nossa sociedade. Não mede palavras ao abordar o que tantos outros marxistas têm, também, afirmado sobre este assunto: que os nossos métodos educacionais são condicionados por idéias capitalistas. O livro nos leva a uma profunda reflexão sobre o nosso fazer pedagógico – que não é exclusividade do professor do ensino formal, como ele esclarece ao citar Paracelso, que diz que “a aprendizagem é a nossa vida, desde a juventude até à velhice, de fato quase até à morte; ninguém vive durante dez horas sem aprender".
Ora, nós como futuros pedagogos temos que tomar consciência disso. Que somos nós? Meros reprodutores de uma educação maquilada pelas ideologias capitalistas? Bonecos manuseados pela máquina do capital com a pura e única missão de transmitir aos alunos os saberes necessários à inserção no tão falado mercado de trabalho? Ou sujeitos de uma educação emancipatória que visa introduzir os educandos na sociedade com uma mente crítica e não moldada por ideologias capitalistas? O que o autor propõe é que se opere uma mudança nos processos educacionais não apenas visando a escola, mas a sociedade como um todo. O que temos feito é reclamar dos salários, reclamar das más condições, da violência ideológica contra o professor, tarefas típicas de sindicatos. A questão toda não é o reclamar como uma classe isolada, mas deve-se buscar a prática de um protesto voltado à conscientização de toda a sociedade, pois sociedade e educação devem atuar juntas no processo de emancipação humana. É difícil escapar à ideologia que invade a educação em espaços formais e não formais. É preciso, no entanto, que abramos nossos olhos, que ampliemos nossa visão e possamos enxergar com nitidez a educação para além do capital. Apliquemo-nos, portanto, nesta luta diária do professor, que deve ser também em sua essência um pesquisador social.

[1] Graduando do III semestre de Pedagogia na Uneb – Dedc X

10 de out. de 2008

Deusa Menina
ou
Quero te ver

Quero te ver
Mais uma vez
Com teu sorriso de linda mulata que me fascina
Linda menina
És minha sina
Estou condenado a viver te amando pra sempre menina

Eu quero ter
Ainda outra vez
Teu aconchego na hora que o frio congelar meu corpo
Me deixas louco
Morrendo aos poucos
Quero ser teu minha deusa com cara de anjo barroco

Mas se não percebes meu padecer
Trata-me como um simples ofício
Crê, por ti eu faria
Qualquer sacrifício e usaria
Todo artifício de mestre pra conseguir sua atenção

Deusa-menina
Voz argentina
Tens a beleza de um anjo que Deus enviou para a terra
Tu me aterras
Faz uma guerra
E o teu coração traz ao meu coração a paz que tanto espera

És minha vida
És tão bonita
És infinita em teus carinhos e em teu chamego
Meu aconchego
A ti me chego
Quero te ver no Olimpo e ter por ti um amor grego


Fernando Lago Santos
06 de Dezembro de 2007

Poesia de Fernando Lago

SAMBA DA MEIA NOITE ou
COMO UMA LUVA

Você tem tudo aquilo que não tenho
E sabe tudo o que eu preciso ter
Me pede o que não tem e dar-te venho
E sabe me dizer o que fazer

Conhece o meu depois e o meu agora
Se sabes que te amo tanto assim
Por favor, imploro, não vá embora
Você cai como uma luva para mim.

Nós somos um pro outro com certeza
E deus te fez cruzar o meu caminho
Não posso me afastar de sua beleza
Que mesmo em multidão sinto sozinho

Eu não me acostumei com tua ausência
Te quero do meu lado eternamente
Minha vida te pertence em sua essência
Sou homem do teu amor dependente

Conhece o meu depois e o meu agora
Se sabe que te quero tanto assim,
Por favor não acabe nossa história
Você cai como uma luva para mim

Nós dois somos iguais à mão e à luva
A vida conspirou pra nos unir
Te amo e amor eterno te prometo
Há anos busco por um amor assim
Nós somos a caneta e o soneto
Você cai como uma luva para mim

Conhece o meu depois e o meu agora
Se sabe que te gosto tanto assim
Por favor, meu bem me dê a glória
De ouvir de tua boca um belo sim
Pois, meu bem, já sabe de memória
Você cai como uma luva para mim

02 - 01 - 2008