28 de jan. de 2010

Poema nada nada linear...

Sei como é

Perdeste a fé

Peregrinaste pelo mundo invisível

Buscando algo que não se pode achar

Vamos lá

Sabemos, eu e você

Que tudo nessa vida é ilusão

E todos nós podemos ir de encontro aos nossos próprios fins

Na ânsia de escutar o que nos manda o coração


Lá vem vida!

Lá vem morte!

Puta azar ou puta sorte?

Sabe lá!

Cansei de esperar

Cansou-me a bunda de estar sentado

Vou levantar

(ou levantar-me-ei, que tenho gosto refinado)

Esticar os ossos e os músculos

Ensaiar poses para ser fotografado

Fazer careta para criancinhas meigas

Passar a perna em pessoas leigas

Sei lá!

E quem lá saberá?

Este globo quadrado

Vida monótona e escrota

Mas que fazer, se não há outra?

Vem cá, meu bem

Pegue minha mão

Olhe-me com carinha de carinho

E de uma vez admita que nossa vida está uma merda

E eu na rua observo a gente lerda


Sento na janela

(sim, sento no parapeito da janela)

Você me recrimina pela infantibilidade do ato

E eu, conhecedor do seu caráter

Não fico nada, nada estupefato.

Você, porém

Moça acostumada com as pancadas da vida

Sente-se um pouco assim ignorada

E me empurra da janela ofendida

Do chão

Do lado de fora da casa

Olho para o alto e vejo seu riso maldoso

Um tiquinho de filosofia na sobrancelha


Álcool nas feridas dói um pouco

Dedo na ferida mais ainda

Mas que se há de fazer, minha linda?

Há feridas e há alcoóis

E há dedos impiedosos

Mas no mundo há coisas boas também

Existem elementos maravilhosos

E posso vê-los todos em seus olhos...


Fernando Lago Santos – 16 de Janeiro de 2010


25 de jan. de 2010

Ensaio sobre coisa alguma



ADVERTÊNCIA:

Em verdade, há já algum tempo que não escrevo nada a mão. Tamanha a reinação do computador na minha vida. Hoje, tornando aos meus velhos hábitos - e principalmente porque o computador estava ocupado - resolvi rabiscar uma folha de papel de novo... Obviamente eu fiz alguns cortes, recortes e acréscimos na hora de digitar. Acompanhem a tragédia...


Há quem goste do sofrimento e o busque como se fosse a coisa mais importante na vida. Há pessoas às quais só a infelicidade é capaz de deixar feliz. Há coisas assim nessa vida. Eu, sinceramente, não sei bem o que seja sofrer. Quebrar a unha do dedão do pé, bater a cabeça na quina da porta do armário, tomar um choque na superfície metálica do aparelho de DVD, esperar na praça por uma garota que não chega, não chega, não chega... Sei lá! Tenho o ridículo dom de caçoar dos meus próprios sofrimentos. Encaro tudo com uma irritante dose de humor e, se me calo, é para planejar melhor a pior piada com que ridicularizarei o meu próprio penar. Quando estou realmente triste, prefiro calar-me. E imperam as palavras nas minhas folhas, nos meus cadernos e na área de trabalho do Word; dizendo isto ou aquilo de mim.

Já me chamaram de cara-de-pau, outros não foram assim tão piedosos. Alguns, mais “intelectuais”, dizem que “há uma aura de mistério naqueles textos” porque neles eu “falo sem falar”. Em suma, isso tudo quer dizer uma só coisa: “Seus textos são uma merda, eu não entendi p... nenhuma, mas vou elogiar porque você é meu amigo.”

Na verdade, se me perdoam a franqueza pós-cachaça-sem-alcool, eu estou pouco me lixando. Não tenho que explicar tudo a todos; essa é a graça da vida! Se Drummond fosse explicar todas as suas poesias, não teria graça nenhuma. Não que eu esteja me comparando a Drummond; seria um sacrilégio poético, um despautério literário. Mas suponhamos que eu seja um poeta; suponhamos também que eu seja um bom poeta; suponhamos ainda, já abusando da nossa imaginação, que há quem leia e aguente estas e tantas baboseiras que saem da ponta de minha caneta... Então, é só pra supor mesmo.

É que na verdade gosto de ser inexplicável. Só se é explicado o que está pronto, e eu mudo a cada minuto. Agora há pouco minha barriga tinha alguns centímetros a mais... Mas isso não importa!

Sou chato; sei disso. Mas vivemos num mundo de chatos. Reinam nesta vida as coisas chatas. E, na verdade, chatos existem aos montes para criticá-las. Cabe-nos apenas a nós, chatos pensantes (??) salvar a humanidade. Mas isso também não importa agora...

O importante é que esqueci totalmente o que queria dizer no começo do texto. Mas a vida é assim. Há quem não se lembre de muitas coisas e há determinadas coisas que o melhor mesmo é não lembrar. Eu, particularmente, repudio algumas vergonhas que passei, mas não consigo esquecê-las. Valorizo também os meus períodos de tristeza, mas sinceramente se for pra ficar lamentando a vida pelos cantos, prefiro deitar numa boa cama e dormir...

E tenho dito.

Fernando Lago Santos – 25 de Janeiro de 2010



17 de jan. de 2010

Uma e quarenta e oito

Ah! Sei lá! Deu vontade de escrever. Assim mesmo, sem assunto. É coisa que venço fácil, quando tem algo pra me ocupar a cabeça. E sabem vossas senhorias que não estou falando de chapéus, piolhos e muito menos chifres. Ultimamente cabeça vazia não tem sido oficina do capeta; tem sido oficina do twitter. Ou talvez o próprio twitter seja a tal oficina. Onde inúmeras cabeças como a minha, que apesar de terem um mundo de coisas pra fazer renunciam a isso tudo em nome do ócio disfarçado em atividades computadóricas, se encontram para consumir e traficar asneiras.

Sei o que vocês estão pensando. “Quem é esse maluco mesmo? Um cara que admite que está escrevendo sem pauta, que twitta sem pauta e que enfim faz tudo sem pauta, não deve lá ser muito boa gente.” E vocês estão certos. Eu não sou boa gente. Na verdade eu sou um maluco, um enigma que eu mesmo ainda não consegui decifrar. Talvez eu seja indecifrável. Filosoficamente indecifrável. Cientificamente improvável. Poeticamente cantável nas janelas das moças belas, amorosas e donzelas. Sei não. Melhor parar. Quando me aventuro a escrever sem assunto sai uma merda. Totalmente diferente de quando tenho um assunto previamente escolhido, que sai uma bosta. Na escala das coisas ruins, é bem provável que bosta seja melhor que merda. Eu, particularmente, não sei de onde provém tal afirmação. Provavelmente de algum cagão.

Ta bom! Chega de escrotice por hoje! Era só pra dar as caras por aqui (não estou falando de distribuir exemplares da revista Caras, prestem atenção). Esses textos assim pseudo-libertários são bem perigosos. Não é todo o mundo que acredita na minha loucura madrugadeira sem que eu mostre um diagnóstico psiquiátrico. E acabam torcendo o nariz e todo o resto pra mim ao me ver na rua. É que na verdade Fernando Lago, este calhorda, é um cara muito doido escrevendo, principalmente de madrugada.

Meninas, apaixonem-se por mim, se quiser.

Fernando Lago Santos

Aos 15 dias do mês de Janeiro do ano de 2010. Às 2:48 – Horário de Brasília

11 de jan. de 2010

Doideras, asneiras, doidices, doidivanas...

(Quando um adolescente de 16 anos que adora escrever asneiras não tem nada melhor para fazer e nem idéias para escrever)

Ao sol do meio dia, numa tarde chuvosa de verão a céu aberto, o crepúsculo deslumbrava a todos. Estando eles a céu aberto, dentro da casa coberta por uma laje de telhas, o sol lhes queimava os olhos e a lua lhes banhava os rostos. O orvalho da manhã vespertina fazia parecer que estavam sorrindo, posto que lhes desciam lágrimas.

Isso era no século XIX, depois do século XXI, em pleno ano de 2450. No passado, portanto. A vida estava de morte! E a chuva que caía era de queimar qualquer um, uma vez que era muito molhada...

Chega de repente o imperador, junto com a imperatriz. O presidente e a primeira dama. O senador do império e os ministros de estado; também as ministras de estada. O pato Donald, o Mickey Jegger, o Brutus, filho do césar. O Popai e a Pomãe. O Lula e o Polvo...

O presidente e o imperador, em dueto de três, pedem ao povo que continuem com a balburdia ali instalada. Mas o povo tem mais o que fazer!

Então o imperador ordena que os cavalos montem nos soldados e atirem ferraduras na cabeça de quem não tiver no meio da baderna. Foi uma chuva de ferraduras e muitos galos mudos cantaram na cabeça dos homens-sem-cabeça. Todos os carecas arrepiaram a cabeleira de tanta coragem. E foram pra casa encolhidos. E, enfim! A vida é assim! Simples cotidiano...

Fernando Lago Santos. Série: O que vier à mente. 2005