A vida é tão curta
A vida é tão carta
Bilhetes
Recados
A vida é tão casta
A vida
Pode ser tudo ou nada
Até a morte...
Fernando Lago – 30 de Novembro de 2009
A vida é tão curta
A vida é tão carta
Bilhetes
Recados
A vida é tão casta
A vida
Pode ser tudo ou nada
Até a morte...
Fernando Lago – 30 de Novembro de 2009
Seja discreto
Seja descrito
Seja direto
Seja restrito
Seja secreto
Seja proscrito
Seja concreto
Seja descrito
Seja discreto
Fernando Lago - 2009
_______________________________________________
Não chores
Querida
Não chores assim
Queres que eu pense mal de mim?
Querida, eu sou teu amigo!
Queres que eu fique de mal comigo?
Se o amor bater na porta
E limpar-me das tristezas
Que eu carrego nas costas
Deixo com gratidão
E uma sincera presteza
Cuidares do meu coração
Mas assim,
Posso não!
Por favor, meu bem, não chores!
Espero que não ignores
O meu passado de dores
Por favor, meu ser implora
Este processo demora
‘Stou imune a amores
Me falta a inteligência
Falta-me sensibilidade
Eu quero sua amizade
Mas me rendo facilmente
A amores de outras moças
Não há pra mim indulgência
Meu coração é injusto
Com ele eu mesmo me assusto
Uma mania inerente
A uma alma que se esboça
Fernando Lago Santos – 20 de junho de 2009
Segue a rima
E diga que me estima
E mantém acesa a chama
Dizendo que me ama
Porque viver já não vivo
Só pensando em você
E se penso, logo existo
Mas desisto de viver
Se não consigo te ter
Toda essa baboseira
Toda essa palhaçada
É nada
Minha paixão é fogueira
E minha vida foi queimada
Pelo fogo que atiça
Quando passa em minha frente
E com um riso indiferente
Cê me enche de cobiça
E de um amor ardente
Você não tem pena de mim
Me olha, e me olhando me mata
Quem foi que te fez assim
Com esse dom psicopata
De matar com um olhar?
Há quem prefira lápis. Eu prefiro caneta.
A maioria das pessoas preferem lápis e usam explicações filosóficas para justificar essa preferência. Que o caminho percorrido pelo lápis pode ser refeito com o auxílio de uma borracha que o vai apagando. Eu prefiro caneta.
Dizem que o lápis precisa ser apontado frequentemente e que assim é a vida; que precisamos ser, de quando em vez, re-apontados para podermos funcionar direito. Mas eu prefiro caneta.
Não é por nada não. Eu poderia enumerar um bocado de coisas poético-filosóficas aqui e fazer vocês brilharem os olhos, abrirem as bocas, ou revirarem as tripas
Sei que a caneta - este objeto ligeiramente poderoso que assinou várias leis e que ultimamente tem servido apenas pra isso (e olhe lá) diante dos filhos mais novos da datilografia – sei que ela é prenhe de coisas filosóficas e malucas que me poderiam atribuir. Sei que o que a caneta escreve não pode ser apagado senão com um daqueles corretivos brancos, que emporcalham todo o caderno e é o vilão dos professores. E, aliás, também não uso corretivo (corretivo, mata-borrão, o escambau!). Ainda que filosoficamente ou amalucadamente, diria que prefiro a inalterabilidade do traço da tinta da caneta. É isso. A velha palavra de mineiro que não tem volta.
Neste ponto dir-me-ão os psico-caligrafólogos que eu, por esta análise, sou um sujeito firme como café com farinha e mantenho-me inflexível diante de uma decisão. Estas coisas ditas no dia seguinte a uma discussão acerca de posturas pedagógicas caem muito bem. Poderão dizer: esse aí sim, é adepto da pedagogia tradicionalista. No entanto, não tem nada a ver.
Eu sou a criatura mais baderneira do mundo, no que se trata de textos. Rasuro mesmo! Pinto, repinto... É porque não posso corrigir, porque escrevo de caneta. Poderia usar borracha, se escrevesse de lápis. Mas eu prefiro caneta.
A caneta tem, por fim, essa firmeza na tinta. O grafite se desgasta com o tempo, fica difícil de enxergar. A tinta pode até sofrer esse processo, mas leva mais tempo. E na vida, entre caneta e lápis, nessa filosofia de vocês acharem que tudo pode ser filosofado, na vida usa-se caneta. Porque a vida é uma prova, e entregar uma prova escrita a lápis é arriscado. Podem alterar suas respostas...
Eu prefiro caneta.
Fernando Lago Santos - 6 de março de 2010 – 9:30hs
Prédio II da Universidade do Estado da Bahia – campus X.
De Monitor de ensino, enquanto os sofredores escrevem um texto dissertativo de auto-avaliação.