27 de set. de 2008

Falso Sequestro

- Pai!
- Meu filho!
- Eu fui sequestrado, Pai
- Onde você está?
- Eu não sei, eles vão me matar
- O Senhor ouviu, né? Se o senhor não obedecer direitinho, o seu filho morre!
- Mas qual dos meus filhos está com vocês?
- Esse que o senhor ouviu...
- Mas não dá pra saber, eles tem vozes muito parecidas. Seria o Otávio?
- É esse mesmo! É o Otávio! Se o senhor não depositar 10.000 na conta dos cara o otávio MORRE!
- Mas é imposível! O otávio só tem três anos...
- Ih, então eu me enganei, não é o Otávio, não é o outro.
- O Flávio? Ou o Márcio?
- É um dos dois...
- Mas qual deles?
- Os dois não são seus filhos?
- Sim, mas é que eu gosto mais do Márcio... Se for o Flávio você pode ficar...
- Então é o Márcio...
- Impossível
- Como Impossível, eu tô com o Márcio aqui ao meu lado, fala aí pra ele Márcio!
- Pai, me ajuda...
- Mas é impossível, o Márcio está na Misericórdia, lá em Itapipoca!
- E onde o senhor acha que nóis pegou ele?
- Vocês pegaram ele lá???
- Craro!
- Mas a Misericórdia é um cemitério, meu filho! O Márcio tá morto há doze anos...
- Pô véi, o senhor também é difícil, viu!
- Mas vocês não se explicam direito...
- Óia, o bagulho é o seguinte, tamo com o filho do senhor e vamo passar ele se o senhor num depositar dez mil na nossa conta.
- Mas eu preciso saber com quem vocês estão na verdade. Não teria sido a minha mulher?
- Pode ser...
- Pois é! Ela você pode ficar...
- Por que?
- Eu me separei faz anos...
- Ah, Tiozinho! Quer saber de uma coisa? Eu tô falando de uma prisão e não tem filho nenhum! Esse cara que tava falano aqui era meu colega de sela o Tranquera
- Fala, Brôu!
- Mas quer Saber, tio? Tu é chato pá caramba, meu! Vai tomar no...
[tutututututu]
- Sequestrador estressado... Imagina se eu falasse que nunca fui casado....

Fernando Lago Santos (2007)

8 de set. de 2008

Trecho de Obra de Fernando Lago

Paixão Proibida - Título Provisório (2006)

Nani Alves estacionou o carro um pouco além da enorme pedra rosa, uma das poucas atrações turisticas, que dava nome à cidade. Rita Boa Paz não entendia nada. Por que estaria a cunhada levando ela para aquele lugar tão escuso, tão ermo, e àquela hora da noite, quando só os velhos cachceiros e os ternos namorados estavam acordados? A tudo Nani repetia com um simples:

- O meu irmão precisa conversar com você.
- Mas por que assim? Por que aqui? Por que a essa hora?

Nani completava:

- É preciso

E a tudo que Ritinha questionava ela repetia essa frase: "É preciso."

Não teve coragem, porém, de revelar à cunhada o verdadeiro motivo de estarem ali. Pediu-lhe paciência e confiança. Confiasse nela; confiasse no noivo. Rita confiava em Nani. Mais ainda em seu noivo. Por isso tranquilizou-se e aguardou sentada no banquinho frente à pedra rosa, onde, havia poucos anos, conversara pela primeira vez com Carlos Alves.

- Parece que foi ontem...

- Como? - perguntou Nani alheia ao pensamento da cunhada.

- Estava lembrando daquela aula de campo... Parece-me que foi você mesmo que a promoveu.

- Qual? Já foram tantas... Mas aquela foi especial...

- Ah! - fez Nani com ar sorridente. Era a primeira vez que Rita a via sorrir desde que tinham saído sua casa - Já sei de que você está falando... Aquele passeio em que você conheceu meu irmão...

- Poe falar nisso, onde está ele, Nani? - fez Rita recuperando a impaciência

- Já vem...

- Começo a achar que tem algo errado...

Nani não disse nada. E foi justamente nesse não dizer nada que ela disse tudo a Rita. Sim, havia algo errado.

De repente Carlos Alves surge dos arbustos, com cara de apressado, mal retribui ao cumprimento da noiva. Se dirige rapidamente à irmã, com quem só pudesse confiar em uma pessoa além de si mesmo.

- Viu direito se alguém não seguiu vocês?

- Sim, Carlos, está tudo bem...

- Amor - disse Rita suplicante

Carlos olhava pros lados, sem saber o que fazer, sem saber o que dizer para a noiva. Seu casamento seria em poucas semanas. Como dizer a ela que nada aconteceria como o planejado?

- Que está acontecendo? - insistiu Rita. E, reparando na bolsa que o noivo trazia ao lado - Parece que você está fugindo...

Outra vez o silêncio falou por si. Rita tinha o dom de escutar palavras não faladas, de ver coisas invisíveis. Mas tinha medo de interpretá-las corretamente. Por isso inventava fantasias quando podia. Mas agora ela se via frente a um fato impossível de fantasiar...

- A política partidária da nossa cidade é uma farsa, meu bem.

- Como assim? Por que está falando isso?

- Rita, você é filha do prefeito. Nunca vai enxergar a realidade por outra visão. Mas a verddade é que o mundo em política é sujo...

- Por que está falando isso, Carlinhos? Meu amor, você é político... Vai sair candidato pelo PDR ano que vem...

- Ia...

- Não vai mais? Ontem mesmo você não fazia planos pra sua carreira política? Que houve pra te fazer mudar de idéia em menos de vinte e quatro horas?

Carlos calou-se, mas Nani já estava cansada dessa conversa inocente. Rita parecia a mesma bonequinha da época da escola. Uma dondocazinha filha de prefeito. Inteligente, Nani reconhecia o potencial de um bom aluno. Mas uma coisinha sensível demais, que merecia uma conversa dura de vez em quando. Restaurou em si toda a autoridade pedagógica que tinha por dom, olhou nos olhos de Rita Boa Paz e, sem nehuma dureza, sem nenhum carinho, sem nenhum sentimento de cunhada disse:

- Carlos descobriu quem matou Custódio Fernandes.

- Quem foi amor?

- Foi o seu pai - arrematou Nani.

Rita não pôde se conter. Ficou vermelha e duas lágrimas rebentaram-se-lhe dos olhos.

- O PDR é uma quadrilha Rita - continuou Nani Alves - seu pai é simplismente o chefe... Eles matam sem escrupulos, sequestram roubam...

- Calma, Nani

- Mas ela tem que saber a verdade sobre o nosso prefeito...

- Meu pai não matou ninguém!

- Mandou matar, Rita. É a mesma coisa!

- Cadê as provas?

- Eu cosegui a cópia da matéria que o Custódio Fernandes ia publicar na semana em que morreu, e que misteriosamente tinha desaparecido. Ele tinha os doados no seu computador pessoal. Ninguém tinha pensado em olhar...

- Onde está? - insistiu Rita

- Está com Athos Ribeiro, do Ministério Público. Mas infelizmente ele é conivente com Boa Paz... E chamou uns capangas pra me pegar.

- Nani, você acredita nisso? Ou acha como eu que o Carlos endoidou de vez?

- Ritinha, o que o Carlos disse não tem nada de loucura. É tudo verdade. Pois se os homens do seu pai fora lá em casa e fiseram a maior baderna procurando ele...

Rita calou-se um instante chorou algumas lágrimas, recostada ao banco e, fitando o noivo e a cunhada disse:

- Vocês, Vocês dois... Nunca mais olhem na minha cara.

E saiu correndo do local. A Carlos Alves nada restou senão ir embora; não podia ficar mais nem um minuto naquela cidade. A qualquer momento o achariam e calariam a sua voz... Nani ainda tentou alcançar Rita, pra oferecer-lhe carona. Mas ela recusou energecamente. E prevferiu ir embora de taxi. Quando seu pai perguntou porque estava tão aparentemente triste aquela noite, ela evitou falar muito. Apenas proferiu laconicanmente:

- Rompi com o Carlos pra sempre...

5 de set. de 2008

Só pra apresentar

Sou Fernando Lago, estudante de pedagogia, músico instrumentista cristão e futuro escritor, jornalista, pedagogo, educador, cineasta, tudo mais. Minha vida promete... Enquanto as promessas não se cumprem, fico com esse blog, onde publicarei minhas inquietações e teorias malucas. São textos compostos ao longo de minha vida. Vale a pena conferir. Em breve...

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