26 de out. de 2008

Azedume ireversível

Estou azedo. É inegável. É impossível não reconhecer que tenho estado azedo nos últimos meses, desde Maio deste ano. Mas, sobretudo a partir do dia 23 deste mês sobre o qual não é ético e muito menos viável comentar agora. Meu azedume é irreversível, inevitável, insuportável. E, a falar a verdade, nada tenho feito pra escapar dele. Busco enxergar a realidade sobre mim mesmo que ninguém ousa enxergar. Tento compreender a minha vida, pois nunca fui capaz de compreender. Isso enlouquece. Vivo um momento de turbilhão de idéias, todas elas negativistas e, talvez necessárias sobre mim mesmo.

Que fazer?
Pelo menos eu neste mundo tenho que dizer a verdade sobre mim mesmo.
Busquei em vão me defender das acusações escarninhas daqueles que me consideram inaptos para a vida. Mas meus argumentos não eram e nunca serão mais fortes que a inexorabilidade da verossimilãncia da realidade.

O que me resta é lamentar. Por mais que esteja cansado de lamentações.
Se eu lamentasse como um velho árabe que vi ontem, a cantar uma ária para Alah, seria pelo menos elegante. Mas não conheço a lingua de Maomé. Não sei cantar árias e não tenho a menor disposição agora para gritar aos céus que me tirem a vida.

Faltando-me essas ferramentas, resta-me lamentar da maneira moderna. Pondo na internet para, inclusive pessoas que eu nunca vi na vida, lamentem comigo. Nunca achei uma boa idéia o narcisimo na rede. Nunca fui, na vida real, um cara que busca mostrar seus sentimentos. Aproveito que quando escrevo não tenho escrúpulos e quem tiver ouvidos que ouça, quem tiver olhos que veja, quem for alfabetizado que leia, quem tiver cabeça que entenda. Mas, como eu disse, a antítese do meu ser e estar é incompreensível. Nem eu poderia explicar; não se explica o inexplicável. Meu azedume é, em si, tão contraditório quanto eu mesmo. Sou dialético, é isso. Mudo de forma e opinião. Por mais influência que a metafísica tenha tentado impor a minha vida, eu luto pela dialética. Se não for, me resta lamentar. Não será a primeira luta que perco.

Acreditei piamente que venceria esse jogo ainda nesta semana. Perdi.
Daí a frustação e o azedume que me pertuba. Qual jogador aceita calmamente a sua derrota?
Agora Adeus, que já falei demais. E é melhor evitar discussões desta derrota.
Perdi o jogo, e a culpa não foi do técnico.

Fernando Lago - 26 de Outubro de 2008

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Pode se jogar, mas não esqueça a sua bóia, viu?