Imagem: Foto Aérea do Lago Verde Amarelo, Nova Zelândia
É isto. Mais um pouco
aos meus vinte e poucos. Soma anual que sempre vem acompanhada – não sei por
que – de uma intensa reflexão quase depressiva sobre os insucessos dos anos que
se passaram. E por enquanto permanece o valor da frase da música do Renato
Russo: “desses vinte [e três] anos, nenhum foi feito pra mim”...
Sou pessimista durante
o ano todo, diariamente, quase que vinte e quatro horas por dia, sete dias por
semana (e hiperbólico na mesma frequência). Mas nessa época do ano a coisa
parece que vem de uma maneira mais descarada, mais amostrada, mais
zombeteiramente esclarecida. Meu pessimismo me conhece e sabe todos os meus
podres.
E sempre vem. Às vezes
exibicionista, me obriga a escrevê-lo em texto ou poesia e publicá-lo, ou
dizê-lo aos quatro cantos dos ouvidos do mundo. Às vezes se esconde atrás da
minha orelha em forma de pulga ou debaixo da minha língua em forma de muxoxos
repetitivos e imediatos que expressam, em língua própria, aquilo que os textos
expressariam.
Um dia, nesta mesma data, numa ocasião em que o meu pessimismo
resolveu não se esconder, disse em letras computadóricas que me recusava a
puxar o saldo das mais de duas décadas de vida, com medo dos indícios de
retiradas sem depósito que provavelmente apareceriam. Mas menti. Menti porque o
saldo está sempre piscando em vermelho na frente dos meus olhos, mesmo que eu
não o publique. Sigilo bancário, beibe! Direito meu, enquanto cidadão honrado e
honesto.
Mas nem só de águas
poluídas é feito esse Lago. Do lado de cá da margem há uma vila ribeirinha que
abriga pescadoras e pescadores de afeto, que muito merecem meu sorriso, o qual
eu não nego, mesmo se a coisa estiver preta (se me perdoam o uso dessa
expressão racista que ainda não desaprendi). Mas são estes que me fazem ser,
por momentos, até otimista, vejam só. E me apresentam sonhos e me acordam dos
pesadelos e me dizem palavras bonitas, ou feias que se tornam belas (iscas
inofensivas) na ponta dos seus anzóis. Nestes momentos em que me encontro tão
pessimista, nada como lembrar destes aventureiros que juram que conseguem
fisgar alguma coisa de bom em mim. E mantém-se perto, mesmo sem eu pedir...
Pois sou isso. Um Lago
dividido em margens antagônicas que se chocam numa pororoca sem ondas. Sou um
turbilhão pacífico de irritação. Um rumor de silêncios, o paradoxo mais
racional que a História não conheceu. Enfim, sou Fernando e sou Lago, é isto. E
lá se vão vinte e três anos que essa explicação tem bastado.
Fernando Lago – 01 de Novembro de 2011
Bem que esse lago verde e amarelo podia ser no Brasil. Tem cores de nossa bandeira. Mas, deixemos que os habitantes de Nova Zelândia
ResponderExcluirzelem por ele.
Deixe de pessimismo, vinte e três anos ainda é vinte e poucos anos. Quando passar dos vinte e cinco será mais da metade de vinte e poucos,logo, vinte e muitos anos. Aí sim, comece a se preocupar. Dizem que depois dos vinte e cinco a vida se resolve ou a pessoa se ferra de vez.Creio que isso seja boato, nada que bons atos não resolvam a vida.
Parabéns pelo seu aniversário, parabéns pela maturidade na escrita. Sucesso para você.
Ahh, eu sorri. Esse sorriso quebra seu pessimismo? Não, né? Mas perdão...meu otimismo crônico me fez sorrir.
ResponderExcluirParabéns pelos vinte e poucos anos! Hehe... Mês que vem entro na casa dos vinte. Muito otimista!
Tudo de melhor =D
Beeeijo.