6 de dez. de 2008

Adaptção de Gabriela (trecho)


Peça apresentada para fins avaliativos de Língua Portuguesa do 3º Ano do Ensino Médio no auditório do Colem, em 03 de Dezembro de 2006 (Colem 6ª Geração). Aplaudida por professor e alunos.

                                                              Elenco:

                                           Gabriela – Daniele da Costa

                                           Nacib – Gleisson Ribeiro

                                           Tonico Bastos – Murillo David

                                           Mundinho Falcão – Fernando Lago

                                           Coronel Aristóteles – Wrandreypson Moreira

                                           Bico-Fino – Leandro Coelho

                                           Coronel Ribeirinho – Isaque Ferreira

                                           Fagundes – Antônio Alves

                                           Dona Arminda – Wadla Aguilar

                                           Figurantes do Bar: Fernando Lago e Wrandreypson Moreira

                        

                                     Roteiros e Adaptações:  Fernando Lago Santos

                                    Direção:  Wrandreypson Moreira Santos e Fernando Lago Santos


CENA IV

(Cenário de bar. Estão Nacib e Tonico Bastos Conversando).

NACIB: Gabriela tem estado estrnha ultimamente. Não me procura mais, está fria...

TONICO: Talvez seja a vida de casada. Toda mulher muda, Nacib.

NACIB: Mas, sei lá! Ela diz que está cansada, parece que não me quer mais...

TONICO: Também! Ela trabalha igual a uma condenada!

NACIB: Porque quer! Já tentei pôr não sei quantas empregadas lá, mas nenhuma fica...

TONICO: Se preocupa não, árabe! (pausa) Sabe da nova?

NACIB: O quê?

TONICO: Parece que o peste do coronel Aristóteles escapou. Vaso ruim não quebra mesmo! Agora aquele traidor apunhala o meu pai e passa pro lado daquele forasteiro!

NACIB: Não me meto em política! O senhor e seu pai são meus amigos, Mundinho Falcão também; o coronel de Itabuna eu não conheço...

TONICO: É um traidor! Mas já que não gosta de política... Bom! Eu vou saindo, tenho que ir ao centro...

NACIB: Espere, eu vou à feira! Vamos juntos!

TONICO: Não! É que me lembrei agora! Tenho de passar no cartório pra ver uns registros. Fica pra próxima vez. (Tonico sai)

(Cena acrescentada durante os ensaios: enquanto Tonico e Mundinho conversam Bico-fino põe um dinheiro no bolso que recebe de dois figurantes que bebem no bar.)

NACIB: Bico-fino. (Bico-fino não o escuta) Bico-fino! Bico-Fino!

BICO-FINO: Oi!

NACIB: Parece surdo! Vou ali e volto logo! Cuida do bar, hein!

BICO-FINO: Sim, seu Nacib!

(Nacib sai Bico-Fino analisa terreno, pára de limpar a mesa – ou balcão – vai à porta, dá uma olhada, disfarça e começa a catar dinheiro do caixa. Nacib entra neste momento

NACIB: Esqueci o... (irritado) Ladrão! Sem vergonha! Agora eu sei por que o meu dinheiro anda pouco! (Começa a bater em Bico-fino)

BICO-FINO: Ladrão é você! Coloca água na cachaça pra enganar o freguês! Você é que é ladrão, árabe desgraçado!

NACIB: Cala a boca, moleque! (Bate mais em Bico-Fino)

BICO-FINO (Escapando) Vai bater em sua mãe, seu turco! Ou em sua mulher, aquela vadia!

NACIB: Cale-se ou vou bater pra valer!

BICO-FINO: Vem bater, seu corno! Vai cuidar de sua mulher! Não sente dor na cabeça com todos esses chifres?

NACIB (pega bico-fino pela gola da camisa): O que é que você tá dizendo?

BICO-FINO: Nada, é...

NACIB: Fala logo se não eu te arrebento!

BICO-FINO: Todo o mundo sabe... Ri da sua cara. Dona Gabriela se esprega com seu Tonico em sua casa todo dia quando ele sai daqui...

(Nacib sai pisando fundo. Bico-fino ainda acha tempo para ir ao caixa, catar um dinheiro e sair correndo do bar.)

 

CENA V

Acrescentado nos ensaios: Com a cortina fechada, ouve-se os gritos de Nacib, Gabriela e Tonico, este último repetindo: “Eu só estava dando uns conselhos!”. Abre-se as cortinas e Tonico surge de uma das portas, correndo estupefato, abotoando as calças. Dona Arminda vê e toma um susto. Logo após Tonico desaparecer pela porta do outro lado, aparece Nacib agredindo Gabriela. Dona Arminda acolhe a moça gritando:

DONA ARMINDA: Chega, seu Nacib, chega! Basta (Pega Gabriela pela mão) Deixe-me te ajudar... (Saem pela mesma porta que saiu Tonico e Nacib fica sozinho, chorando e xingando, num monólogo revoltado).

 

 

CENA VI

Cenário com uma mesa e algumas cadeiras. Conversam Tonico Bastos (em pé, Coronel  Ribeirinho e Mundinho Falcão.

TONICO: (Concluindo uma fala)...  Eu pensei que o árabe ia me furar com aqueles chifrões...

RIBEIRINHO (levantando-se com fúria) Mais respeito, rapaz! Você está falando de um amigo da comunidade! Você teve muita sorte pra ele não ter te matado!

TONICO: Aquilo mata nada. Já passou não sei quantos meses e ele nem olha pra mim...

MUNDINHO (rindo): É boa! Você enfeita a cabeça do cabra ainda quer que ele te trate com cortesia!

TONICO (abanando a cabeça): Diz que já vive com ela de novo... Isso lá é papel de homem?

RIBEIRINHO: Ele só a contratou como cozinheira! Isso não quer dizer que...

TONICO (interrompendo): Que nada! Quando há a mesa há a cama também!

Tonico se retira porque percebe a chegada de Nacib, que entra com um jornal na mão.

NACIB: Andam se metendo com esse aí agora?

MUNDINHO: É a política, Nacib, é assim que funciona. Um dia você é amigo, noutro inimigo. Depois que o Coronel Ramiro Bastos morreu a única solução para os Bastos foi se unir a nós. Não veio em má hora...

NACIB (Abrindo o Jornal): Vejam isso: “O coronel Jesuíno Mendonça, que assassinou sua esposa infiel, foi julgado e condenado ontem. (fitando os amigos) Podia ser eu...

Gabriela entra eufórica, interrompendo a conversa dos senhores

GABRIELA: Tá lá na barra! O navio. Grandão! Cheio de gringo louro! Chegou! Parece uma casa de grande que é!

Mundinho e Ribeirinho saem eufóricos. Nacib e Gabriela ficam sós. Se olham com estranhamento e, enfim, Nacib se aproxima.

NACIB (tirando do bolso uma pulseira ou outro tipo de presente): Vi numa lojinha e... Bom, achei que... É pra você.

GABRIELA (carinhosa, encostando-se-lhe ao peito): Precisava não, moço bonito...


Fecham-se as cortinas

 FIM


Um comentário:

  1. E ae cara
    tempos de escola... que saudade einh!!! Essa peça foi uma das maiores conquistas da minha carreira escolar, um sucesso, de mais

    Wrandreypson

    ResponderExcluir

Pode se jogar, mas não esqueça a sua bóia, viu?