6 de mar. de 2009

Lostmente perdido

(...) De repente, surge à minha frente um sujeito muito branco, com cara de gringo, que sorriu simpaticamente ao ver-me aproximar. Estacionei a bicicleta perto dele e, sem apear, perguntei-lhe:

- Por favor, o senhor pode me dizer onde estamos?

- What? - disse o sujeito

- Que bairro é esse?

- I'm sorry! I cannot understand you...

- Ah... - fiz conclusivamente, sacando que o homem com cara de gringo era gringo mesmo. E pior; não falava português. Boa bisca!

- Where we are? - Embromei no meu parco inglês - I'd like to go at Vila Caraípe. 
(...)

- We're in USA - disse o cara com o mesmo ar sorridente de gringo.

- Coméqueé, rápá?

- Excuse-me? - fez o américa sem entender.

- Excuse-me?

- Excuse you what?

- Excuse-me, I cannot understand, you said we are..? - Esclareci.

- In USA. Just here! - Fez ele abrindo os braços...

- Vc tá pirado! Yo're crazy! I'm lost, I was looking for Vila Caraípe, I'm in Teixeira, Bahia...

- What the f... You are crazy! I was walking above Manhatan, crossing an avenue. I was looking for my friend, I'm also lost. But here is United States of America I'm sure!

- God Save the Queen! - falei ironicamente!

- The britanish say this, not us... Don't be ridiculous!
(...)
A discussão prometia. Nenhuma das duas partes cedia. Um homem de chapéu grande ia passando pela rua, assoviando tranquilamente. Eu e o gringo tivemos a mesma idéia: abordar o transeúnte a fim de resolver de uma vez por todas aquela peleja.
O passante chegou se assustar ao ver-nos afoitos, nos aproximando dele.

- Estamos no Brasil? - indaguei segurando o braço direito do homem.

- Are we in Usa? - disse o gringo segurando o braço esquerdo e obrigando o cara a olhar pra ele.

- No señor - disse calmamente o passante - nos otros estamos en Mexico!

Fernando Lago Santos - 2005

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Pode se jogar, mas não esqueça a sua bóia, viu?