8 de jul. de 2009

Pra não dizer que não falei do Jackson

Enterrou-se hoje o Senhor-Mister Michael Jackson (Michaél Jáquisson). E pra não dizer que um blog tão respeitado (por ninguém) como o meu não deu a mínima para o assunto que todo mundo viu (mesmo os que não queriam ver), discorro aqui algumas linhas, resultado de um intenso debate de universitários sem aula e que contém basicamente uma reflexão que tenho tido nos últimos doze dias que sucederam à morte do renomado pop star.

Havia anos que não ouvia as músicas de Mister Michael a não ser em flashbacks dos anos oitenta ou enquanto jogava GTA (isso bem antigamente), cujos rádios só passavam essa música. Na rua, meus caros, era só créeeeeeeeeeeeeeeu, créuuuuuuuuuuuuuuu, créeeeeeeeeeeeeeeeeu! Isso ou outras aberrações do tipo “lapada na rachada”, não sei o que não sei aonde, não sei quem comeu o não sei o que de não sei quem... Essas coisas. Daí de um dia pro outro o som do carro do meu visinho passa a reproduzir Trhiler inúmeras vezes; o bar da esquina, ao invés da lapada na rachada passa o sonzinho que até então muita gente da nova geração – como eu – só o sabia como a vinheta do Vídeo Show, e os nicknames do MSN, onde se mostra a música que a criatura está ouvindo, ao invés dos tradicionais Vitor e Léo, Cláudia Leite, e Calypso a gente ver escrito o nome do rei do pop... Isso sem falar das manifestações em blogs, twitters ou frases do Orkut que parecem copiadas: morreu o rei do Pop, o rei do pop se foi, o menino que ficou grande cedo, o adulto que ainda era criança...

Evitarei trocadilhos. Dizer que o cara morreu engasgado com pé-de-moleque é realmente sacanagem. Puta falta de respeito com o rei (o Roberto? Não, o Michael, pô!). No nosso debate pra suprir a falta de aula (geralmente são debates que não têm nada a ver com o currículo) muita gente disse que ainda não acredita que o cara morreu de verdade. Uns porque são fãs; outros porque não acreditam mesmo. Quem viu o corpo do cara? Provavelmente o Zé que deu o atestado de óbito e os açougueiros que fizeram a autópsia. Agora, eu fico imaginando a tensão: “pô, tamo cortando o Michael Jackson, meu!” Já pensou? Do pó nasceste ao pó retornarás. E as traças: “Pô esse é o Michael Jackson, meu!” E a outra responde: “É comida!”

Nada a ver! São resquícios filosofais de Fernando Lago. Audaciosos!

Mais audacioso ainda é dizer que a morte é um bom negócio, a não ser pelo fato de que depois que ela acontece você está morto. Pense bem, o cara devia uma porrada de dinheiro, já não estava assim lá tão famoso (admitam, fãs de Michael, ele era pop, mas não estava na alta)... Com essa morte multiplicaram as vendas dos seus produtos e o cara ainda deixou um ensaio muito bem produzido prontinho pra ser lançado em DVD. Sua morte, cujo enterro demorou mais de uma semana pra acontecer ocupou a mídia durante todo esse tempo que antecedeu ao funeral. Aí eu me lembro de um amigo meu que sempre que entrávamos no assunto ele dizia: “só sei de uma coisa. Se fosse pobre já teriam enterrado.”

Liguei a TV hoje à tarde, quando iniciava este texto, e adivinhem quem está nos maiores canais da TV aberta? Ele! Quer dizer, ele não, porque ele provavelmente estava deitado, bonitinho dentro do caixão; mas um bocado de gente famosa falando dele. No seu funeral, transmitindo ao vivo em todos os grandes canais do mundo. O que é a globalização! Semana passada, corro os olhos pela novela e o galã vem de carro. Quem ele ouvia? Michael Jackson. Ligo na MTV e o que vejo? O making off do clip do cara. Sai, entra o comercial. O que apresenta? MTV debate. Adivinha sobre o que? Remédios. Adivinha o argumento pra escolha do tema: Michael Jackson provavelmente morreu por causa do analgésico...

O cara desbancou a gripe suína, o avião da Air France e, cara sei que só tenho vinte anos, mas é a primeira vez na vida que eu vejo alguém distribuir ingresso pra funeral. Também, transmitindo em toda a rede de comunicação mundial, só com ingresso mesmo! E eis outra coisa que meus olhos de vinte anos nunca viram...

Isso me lembra sabe quem? Simone. Vocês lembram de Simone? Não a cantora brasileira; Simone, a tal atriz virtual, Simulation One... Quando assisti ao filme achei que o argumento do fim era a pior coisa que tinha na trama. Como é que um telespectador pode conceber que a morte de uma atriz pop star poderia deixar ela mais famosa ainda? A propósito, o enterro da atriz de mentira (que até na mentira era de mentira) me parece muito com a morte do pop star de verdade. O povo amava Simone; o povo amava Michael Jackson. Até o fato de instarem por culpar alguém pela sua morte... Só que no caso de Simone o corpo não apareceu...

Mas, enfim, toda a repercussão da morte de Michael Jackson me fez concluir que, se o Michael Jackson quisesse fingir a própria morte, assim, com um golpe de marketing, ele com certeza teria ganhado muito mais fama do que já tinha e de quebra faturaria alguns trocados mais. Mas atenção, jornalistas, isso não é uma notícia ou uma especulação. Até onde sei o cara está mortinho da silva. Mas esperemos até o sétimo dia, por via das dúvidas...
Fernando Lago Santos – 07 de julho de 2009
Pós Escrito - Pequena Retificação
Pessoas, comecei o texto ontem com a seguinte afirmação: "Enterreou-se hoje o senhor-mister Michael Jackson." Acontece que hoje de manhã, ao ler os jornais fiquei sabendo que o rei do Pop ainda não foi enterrado. Sim, amigos, o cara ainda está por aí... Então, aos melhores informados que estranharam essa afirmação com a qual abri o texto acima, perdoem-me; eu não sabia. Mas, volto a citar o meu velho amigo: Se fosse um pobre já teriam enterrado...
Fernando Lago - 08 de Julho de 2009

2 comentários:

  1. Gosto do seu senso de humor critico, e me pareço contigo, só depois que ele morreu foi que vim a conhecer mais sobre o Rei (M Jackson). ACho que é importante prestarmos homenagens a ele, poxa o cara era realmente muito bom mesmo, mas não concordo com pessoas que abusam do assunto, fico nervoso com apresentadores que ficam enrolando o assunto pelo dia todo comentando fofocas de sites...

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  2. Adoreiiiiiiiiiiiiiii o trocadilho no título.

    You writes very well...


    beijos

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Pode se jogar, mas não esqueça a sua bóia, viu?