10 de jun. de 2010

A Praça dos Leões





Praça dos Leões -
Teixeira de Freitas, BA.











Os leões dessa praça rugem

E eu não sei o que espero aqui parado

Há tantas coisas no mundo

Algumas no meu coração

Há tantas coisas nas proximidades

Não sei se alguma me compete...


Fico aqui sentado

Pensando que a beleza não me é cabível

Porque aparentemente não tem nada comigo

Mas mesmo assim me dizem que tem


Os leões dessa praça

Em coro gregoriano

Me dizem que o chão é aqui abençoado por seus passos

E pela matriz que se ergue logo ali à frente

E que conhecem de longe a sua voz rara

Os leões dessa praça têm ouvidos mui potentes

E falam coisas muito belas sobre você


Certos estão os leões dessa praça

Certos quando dizem que você é admirável

E lamentam juntos sua própria cimentez

Quando você passa por outro lado

Para os quais nunca podem se voltar pra contemplar o seu belo sorriso


Eu tenho ciúmes dos leões dessa praça

Que apesar da concretude de seus corpos

Apesar do barulho insistente dos carros por ali

Apesar das negociatas e negociações de varejos e varejeiras

Podem ver-te passar com freqüência

E soltar pelo ar versos melódicos que vocês não podem ouvir

Que estão em linguagem de leão de praça


Os leões dessa praça são tão piegas quanto eu...


Fernando Lago – 09 de Junho de 2010

4 comentários:

  1. Praça dos Leões.

    Gosto muito dessa praça afinal foi aki que eu passei minha infancia, por ser perto da casa de meu avô e por ser enfrente a minha paróquia.

    Adooloo.

    Bjinhos Nando.

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  2. Ah, a Praça dos Leões.
    Passo horas nela, e quando comecei a ler o seu texto, me senti inteiramente dentro dele. Meu Deus, um dia eu quero ser que nem você, sucinta, precisa, eu te admiro muito, meu escritor.

    LINDO TEXTO FERNANDO LAGO. s2

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  3. Tem lugares que falam alto ao nosso coração, né Fernando. As pessoas ingênuas ainda dizem esse banco de praça falasse...
    rs rs rs

    Gosto dessa sua leveza ao escrever.

    Um bjo!

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  4. Mone,
    também gosto muito dela. Trabalhei ali perto por algum tempo, faz parte da minha vida e acho que da de todo teixeirense, seja nato ou adotado.

    Tay,
    a praça já não é o que foi... penso eu. E olha que estou aqui há pouco menos de dez anos! Que bom que se viu neste texto, linda! Eu também te admiro muito, Tay! Não sou sucinto, às vezes sou até prolixo por demais... Mas tento controlar... De novo: te admiro muito também, Tay! Gosto do teu gosto pela escrita!
    Beijos, minha escritora mais linda!

    Novinha,
    guardo um cantinho no coração para cantos como esses... Praças, quando preservadas, têm vida própria. Quando não, pode ser ressucitada com a força dos que a ajudaram a nascer...
    Grande abraço!

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Pode se jogar, mas não esqueça a sua bóia, viu?