6 de ago. de 2010

Micro poemas


         I
Ando na rua
Coisas olho
Que me olham
E no entreolhar das coisas
Não vejo nada interessante
E continuo andando...

         II
A menina da rua à direita
Chora, dizem, por mim.
Chora por nada, então
Nada eu faço pra ela ou por ela
E ela ainda chora!
Com lágrimas
Que sem lágrima não é choro; é só escândalo.

          III
Aquele pé de mangaba
Chefe da minha infância
Caiu hoje ao chão
Em seu lugar
Plantado está um enorme prédio
Onde nascerá uma fábrica de sucos artificiais.
Tem de mangaba.

         IV
Plantaste tua semente, querida,
Plantaste tua semente
Mas a terra não é boa...

          V
Mas que me importa que tenhas cachorro
No quintal do teu coração
Eu sei lidar com os cães...

         VI

E disse: Querido,
Te amarei eternamente
Enquanto tiveres carro.

         VII
E disse: Querida
Te amarei eternamente
Enquanto estiveres jovem.

Fernando Lago – Dezembro de 2009

3 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  2. Adoreeei Feer, ótima observação, a sincronia, está muito bom. Confesso q esse me arrancou um sorriso fugaz, mas reflexivo. Lindo.

    ResponderExcluir
  3. Sam, tirou o dia pra ler meu blog! Que linda! rs

    Olha, muito obrigado mesmo pelos elogios, de verdade! A gente ouve tanta coisa ruim na vida! Um elogio poético, vindo de uma moça poética assim, sempre faz bem!

    Beijos, poetisa nordestina mais linda! =)

    ResponderExcluir

Pode se jogar, mas não esqueça a sua bóia, viu?