Imagem: Michigan J. Frog (Warnner Bross)
Era uma vez uma
princesa muito bonita que vivia, como toda princesa que se preze, à procura de
um príncipe que lhe curasse um daqueles males de princesa que só um príncipe
pode curar: a solteirice.
Caminhava pelo belo
bosque, que depois de muitos anos de luta o Greenpeace conseguira que
transformassem numa Área de Proteção Permanente, conforme as determinações do IBAMA. Ao
passar pela beira do Lago, ouviu uma voz que lhe invocava pelo título de
nobreza:
- Princesa! Venha cá,
princesa...
- Mas será que estou
ficando louca? – disse a moça com seus botões, sem se dar conta de que falar
sozinha também era uma coisa de louco – estou ouvindo o Lago falar comigo?
- Não está louca não,
princesa – redarguiu a voz – não é o Lago que lhe fala, mas eu...
A princesa forçou os
olhos em direção à beirada do Lago, de onde vinha a voz, mas não viu ninguém.
- Mas não consigo te
enxergar...
- Chegue mais perto...
A princesa, num ímpeto
de coragem, aproximou-se da margem do Lago e pôde enxergar o dono da voz. Um
pequeno sapo, em cima de uma Vitória Régia, tomando banho de sol.
- Ah, então era você!
Pensei que estivesse louca. – disse, não notando também que falar com sapos não
era assim uma coisa de gente normal.
- E o que você quer de
mim, asqueroso anfíbio?
- Calma lá, princesa,
não precisa ofender. Só quero conversar...
- Me leva a mal não,
senhor, mas não costumo conversar com sapos não... Até lago, digo, até logo.
Já ia saindo, quando
ouviu a anfibiosa voz do sapo dizer sedutoramente:
- Bem sei que você anda
pretendendo um pretendente que lhe pretenda, não é?
- Como? – disse a
noiva, voltando imediatamente – Por que está dizendo isso?
- Porque talvez eu
possa ajudar...
- Então você é alguma
espécie de cupido! Adoraria contar com sua ajuda. Eu te recompensaria muito, te
cobriria de ouro. E nem e preciso de muito ouro pra isso, já que você é bem
pequenininho assim, ó... E é até perigoso, ouro é pesado... Mas, enfim, eu
acharia um jeito de te recompensar. Mas tem que ser príncipe. Pelo menos ter
sangue nobre... Ou algumas ações na Vale do Rio Doce ou na Petrobrás... Mas
onde está sua flecha? Ai que emoção, um Cupido!
- Bora parar com a
palhaçada? Que mané cupido o que! Eu tenho lá cara de cupido? Isso aqui é uma
fábula, não é mitologia grega!
- É verdade, devo ser
mais realista. Você é então uma espécie de conselheiro amoroso...
- Não.
- Um astrólogo,
cartomante, pai de santo...
- Deixa de ser besta,
mulher, não sou nada disso.
- Então não vejo como
poderia me ajudar...
- Você não está vendo
que eu sou um sapo?
- E daí?
- E você é uma
princesa...
- Continuo no e daí...
- Mas será possível?
Você não conhece nada de histórias infantis?
- Ah não, não, não! Já
sei aonde você quer chegar!
- Mas não custa nada
tentar...
A princesa começou a
refletir e lembrar das histórias que a sua avó contava. A família da rainha tal
que tinha beijado um sapo que virara o príncipe de tal no ano tal do século
tal... Sua mãe disse uma vez que tudo o que as gerações mais velhas falavam
devia ser valorizado. É bem verdade que ela própria também tinha dito em outra
ocasião que a velha não andava muito bem das ideias, mas plagiando em
pensamento o simpático sapo que estava ali diante dela, achou que não custava
nada tentar. Com essa raridade de príncipes na freguesia não podia perder essa
oportunidade, ainda que remota. Além do mais, caso o sapo estivesse mentindo,
só perdia alguns minutinhos da sua preciosa vida. Depois era só escovar os
dentes muito bem escovados com Colgate, enxaguante bucal et Cetera et Cetera e tudo estaria resolvido, nos trinque, nos
conforme. Lavou, tá novo! (Ai, essas modernosas!)
- Admito que ouvi falar
algo assim, por altos e baixos, nos corredores daquele palácio... mas será
mesmo que...?
- Palavra de escoteiro
– disse o sapo que apesar da pele verde nunca fora escoteiro na vida
- Então prepare-se...
Dito isto, a princesa
agachou-se, preparando o biquinho real, mas não alcançou o sapo e agachou mais
e mais e mais... Antes mesmo de conseguir oscular o bichinho percebeu um
vozerio e um barulho de flashes vindo detrás de si... Eram vários paparazzi de
tabloides do Reino, captando-a em sua real descompostura.
MORAL: I'm your biggest fan, I'll follow you until you love
me Papa-Paparazzi
Fernando
Lago – Setembro de 2011
eu gostei daqui! parabéns!
ResponderExcluirAdoro esses teus contos modernizados! Haha'
ResponderExcluirQue princesa mais louca!
Nada como um novo olhar.
ResponderExcluirinté