30 de jan. de 2012

Dez sorrisos


O homem ao lado sorri
Sem explicar o motivo
Talvez nem ele saiba...
Esses sorrisos automáticos que a gente veste
Para ver se a vida melhora
Ou pra ver se a gente ganha pelo menos
Outros sorrisos em paga
Ao que distribuímos de graça

Dou espaço para que sente
Uma mulher logo à direita
E o homem-sorriso da esquerda inclina-se perguntando pra que mês é
E a mulher diz que é uma menina
E que deve vir em Março
E já são dois sorrisos...

A moça de branco aparece, uma conhecida de escola
Da mulher
E com o cumprimento são três sorrisos
Quatro com o da mocinha que recebeu um elogio mal disfarçado
De um enfermeiro que ali passava
Cinco com o do enfermeiro
Seis com o do vendedor-menino que ofereceu picolé
Sete com o do homem que negou o picolé com uma piada idosa
Oito com o do médico, se desculpando pelo atraso
Nove com o do primeiro paciente da fila, aliviado

E quando eu já me perguntava
Por que raios eu era o único que parecia lembrar que aquilo ali
Era uma sala de espera de um consultório publico
Você apareceu e sentou-se à minha frente
E olhando-me, viu o décimo sorriso...

27 de Janeiro de 2012

2 comentários:

  1. conhecendo seu espaço hoje, o vi no grupo do face

    Sua forma de escrever é digamos que diferenciada,
    tens um estilo próprio nobre Lord . Parabéns

    Seguindo-te !

    Até breve!

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  2. "Esses sorrisos automáticos que a gente veste
    Para ver se a vida melhora"

    É uma saída rápida.
    Lindo poema Nando. Mais um dos tantos.
    Sorriso pra ti, então.

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Pode se jogar, mas não esqueça a sua bóia, viu?