Era uma princesa,
dessas que há por aí aos montes, de um reino distante como todos são, e que,
como toda princesa dessas que há por aí aos montes e que vivem em reinos
distantes como todos são, era linda e tinha muitos seguidores nas redes
sociais. Como não é de se surpreender, toda essa lindeza e popularidade causa
inveja, e foi por essa inveja que uma bruxa, depois de tantos malwares e
trojans enviados para o sistema da menina, resolveu apelar e encheu uma seringa
com uma substância que ela mandou vir da Colômbia, espetando o dedo da princesinha
na festa de lançamento do seu novo blog de moda, para qual, obviamente, a outra
não tinha sido convidada.
Como a droga da
Colômbia era do Paraguai[1], ao
invés de emborcar mortinha da silva ali na mesma hora, a menina apenas caiu num
letargo profundo e a bruxa foi presa no ato. Como a essa altura do campeonato
ninguém tinha tempo de consultar dicionários para saber o que era letargo,
anunciaram no mural do facebook que a princesinha estava tirando uma soneca
induzida, por uma droga ainda desconhecida, de procedência colombiana, mas que
era o maior barato. Logo a apelidaram de Bela Adormecida, apelido óbvio, uma
vez que a menina era realmente bonita e, ao contrário de todos os que curtiam e
compartilhavam os anúncios da sua moléstia na madrugada, dormia.
Um sábio, desses que
sabem pouco de tudo e tudo de nada, disse que a princesa só acordaria com um
beijo do amor verdadeiro. Logo iniciou-se uma campanha não muito higiênica para
achar o amor verdadeiro da moça, incluindo umas bitoquinhas de príncipes de
todas as regiões.
A Polícia Federal do
reino[2] teve
acesso ao histórico de conversas instantâneas da moça e descobriu um sujeito de
um reino não muito distante do reino distante[3] que
estava trocando mensagens com a moça na última noite antes do baile. Trataram
logo de chama-lo, sem saber que ele já estava a caminho no seu cavalo branco,
passando, naquele exato momento, pela alfândega que o impediu de entrar no país
por causa de umas graminhas de uma planta alucinógena que ele trazia[4].
Mas tudo se resolve, em
nome da diplomacia. Por ordem direta do rei, o rapaz foi liberado[5] e voltou
à cavalgada, chegando suado e estupefacto[6] na
alcova da moça, com direito diplomático de cortar a fila de supostos amores
verdadeiros que passavam por uma vistoria minuciosa[7] da
rainha. Como o tempo urgia, o jovem príncipe do reino distante foi logo caindo
de boca na gatinha que, pra comoção geral dos circunstantes, não acordou.
Enquanto isso, a bruxa
malvada que era filha de um senador influente do nordeste do reino, conseguira
um habeas corpus e comprava duas passagens pra ir à Disneylândia com um pobre e
simples professor de informática da corte, que era, na verdade o grande amor
verdadeiro da princesa.
MORAL: amor não-correspondido
é uó.
[1]
E isso se chama globalização
[2]
Você não leu errado.
[3]
Por ser também distante
[4]
Mas jurou que não era dele!
[5]
O que são as imunidades diplomáticas!
[6]
Ipso facto
[7]
Muito minuciosa
gosteeii...
ResponderExcluirADOREI
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