1 de jun. de 2009

Seminário de Pedagogia da Terra

Centro de Formação Carlos Marighella

Nesse fim de semana tive oportunidade de vivenciar uma ótima experiência, que com certeza há de contribuir para o meu crescimento crítico e intelectual. Participei na última sexta (29) e sábado (30) do Seminário de Articulação do Módulo VI da Pedagogia da Terra.

O curso de Pedagogia da Terra é uma conquista dos movimentos sociais junto ao Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (PRONERA), ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) e à Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Na Bahia o curso acontece no Centro de Formação Carlos Marighela, que fica no Assentamento 1º de Abril, localizado na estrada de Cumuruxatiba. O curso é de responsabilidade da UNEB – Campus X e visa a formação de educadores e educadoras do campo, conscientes de seu papel social e da luta pela reforma agrária e é especialmente voltado a pessoas ligadas à Terra, ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e a outros movimentos sociais do campo. Na matriz curricular do curso não falta nada do que há nos outros cursos de Pedagogia da UNEB. A diferença é que o Curso de Pedagogia da Terra é enriquecido com discussões voltadas ao campo e à luta pela reforma agrária, além de terem componentes a mais, necessários à educação do campo, como direito agrário, por exemplo.


Mística

Os discentes vêm de diversos lugares e ficam no assentamento durante cerca de cinqüenta dias, que é o tempo que dura o período das aulas. Estudam durante todo o dia e mantém grupos de estudo durante os horários que não são de aula oficial. Foi uma ótima oportunidade de conversar com pessoas de diferentes lugares da Bahia e de outros estados, como um dos graduandos, que mora na divisa de Goiás.

Formação - Início do dia

Estavam presentes as professoras Cecília Mourão, Prof. Msc. Luzeni Ferraz, Prof. Msc. Jucilene Ferreira e Prof. Drª Nalva Araújo além dos monitores de ensino Fernando Lago (este simplório que relata), monitor de Educação do Campo (Prof. Luzeni) e Taís Nascimento, monitora de Sociologia da Educação (Prof. Nalva). O seminário foi na sexta e no sábado das 8 às 16 horas, encerrando com o filme Histórias de Um Brasil Alfabetizado, que traz diversos depoimentos de educadores(as) e educandos(as) da EJA.

Leitura de uma das Cartas de Ademar Bogo - Com trilha sonora rsrs

Algumas coisas me surpreenderam neste seminário, pois acabei por fazer algumas comparações inevitáveis com a forma como nós, discentes, encaramos os cursos aqui e lá. A primeira delas foi logo ao entrar no Centro de Formação e reparar em um rapaz que cuidava de toda a organização do encontro vendo se isto ou aquilo está bem e, mais tarde, ao iniciar o Seminário, convidando a mesa e mediando o debate entre os alunos e os componentes da mesa. Ora, que de surpreendente há nisso? É que esse rapaz era um dos discentes do curso, ou seja, os próprios estudantes organizam os seus seminários e os horários, cobrando inclusive dos próprios professores. É a tal auto-organização dos alunos, de Pistrak. Outra surpresa foi de, sempre acompanhado das professoras, chegar ao Centro de Formação e já encontrar os alunos na sua grande maioria prontos para iniciar as atividades, sem precisar um professor para chamá-los e exortá-los a iniciar. Além disso, quem regula os horários são os próprios alunos e os cumprem muito bem. Outra surpresa foi ver à noite, após o jantar, muitos alunos reunidos para estudarem juntos, além daqueles que foram procurar os professores para orientações na elaboração da monografia.

Professoras/coordenadoras do Estágio Supervisionado (Cecília, Luzeni, Jucilene e Nalva)

A convivência no assentamento é muito boa e os educandos do curso, bem como os assentados, são pessoas muito legais. A comida também é muito boa, mas isso não vem ao caso (só que acho que se ficasse lá um mês engordaria um bocado rsrsrsrsrs). Foi uma experiência excelente, inclusive para ver de perto a realidade acerca do MST que muitos veículos de comunicação não mostram. A grande maioria só sabe noticiar as “invasões” do movimento (enquanto noticia as “ocupações” dos EUA no Iraque), sem explicar a lógica e a filosofia desse povo que luta não apenas pela posse de um pedaço de terra, mas pela reforma agrária e pelo fim da desigualdade social neste nosso País.

Fernando Lago Santos - Graduando do V semestre do curso de Pedagogia na UNEB - Departamento de Educação Campus X - Teixeira de Freitas - BA


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Pode se jogar, mas não esqueça a sua bóia, viu?